A galinha dialética
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Correio Braziliense/Nacional - Opinião
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Todos os períodos históricos são, para fins didáticos,
divididos em idades, tomando-se, por base,
acontecimentos ou fatos marcantes que, de algum
modo, serviram para mudar os rumos da própria história
humana. Assim, temos, por exemplo, a tão discutida
Revolução Francesa de 1789 que, por seus efeitos
transformadores sobre a sociedade, a política e a
economia, alterou de forma significativa o status quo de
boa parte do Ocidente, inaugurando o que ficou
estabelecido como Idade Contemporânea.
É preciso entender, ainda, que essas alterações na
organização dos Estados, por sua profundidade e
racionalidade, são sentidas até hoje, em maior ou
menor grau. Apesar desses efeitos profundos,
principalmente sobre o mundo Ocidental, é preciso notar
que o século 21, por suas características peculiares,
parece anunciar o que notara Francis Fukuyama na
obra O fim da História, de 1989, ou seja, exatos 200
anos após a Revolução Francesa.
Para muitos, a história atual e que marca de forma
indelével a entrada da humanidade no século 21 não foi
nenhuma revolução no campo das ciências, como
alguns prediziam. Pelo contrário. O marco histórico que
indicou a entrada do novo século e que mudou, na
sequência, a face do mundo que achávamos conhecer,
foi, de certa forma, uma série de acontecimentos
grotescos, antepondo povos de certa forma primitivos e
subdesenvolvidos contra a nação mais desenvolvida do
planeta, simbolizada, pelos atentados às Torres
Gêmeas em Nova York, em 11 de setembro de 2001.
Dessa data em diante, o mundo novo, descrito por
George Orwell (1903-1950) em sua obra Admirável
mundo novo, de 1932, passou a ganhar existência
concreta, sob a forma de uma sociedade extremamente
vigiada e controlada pelos meios eletrônicos.
Mas, como o mundo não deixa de girar, esse ainda não
foi o fim da história. Muitos acontecimentos, por seu
alcance sobre a sociedade, ainda têm moto próprio e
seguem mudando a direção dos ventos e os rumos da
humanidade. É preciso que atentemos para uma
sequência de fatos atuais que, neste século, também
vêm forçando uma mudança radical nos ventos da
história, capazes de alterar boa parte da cultura
ocidental, decretando, inclusive, seu fim.
Primeiramente, é preciso entender que a cultura
ocidental, por seus aspectos formativos, tem, como
bases principais, as heranças legadas pelas civilizações
helênica, latina e cristã. Tanto a filosofia, quanto o
direito e a religião que moldariam nossa civilização,
somadas ainda as contribuições celtas e germânicas,
emprestaram a personalidade a essa imensa parte do
planeta. Essa é, queiram ou não, a carteira de
identidade que diz quem somos, de onde viemos, o que
pretendemos para nós e para as próximas gerações que
virão.
Trata-se, aqui, de uma espécie de seguro que aponta
para aspectos fundamentais de nossa sobrevivência
como sociedade e cultura. Infelizmente, como em todo
processo a indicar o caminho entre ideias, conforme nos
ensinaram os gregos antigos, carregamos em nós o que
seria a semente que irá, cedo ou tarde, provocar nossa
transformação, dando origem a uma outra sociedade e,