Banco Central do Brasil
O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 2 - TCU
bolsonarista Allan dos Santos criticou a compra da
vacina chinesa. "Temos números de casos (da doença)
caindo. Tem um gasto bilionário em uma situação que
não justifica o gasto", afirmou.
Doria fez ontem um périplo por Brasília e pregou o
entendimento. "Agora é hora de vacinação. Não é hora
de eleição", declarou, numa referência à disputa de
2022 pelo Planalto. En- quanto Doria dava entrevista no
Congresso, o ministério divulgava nota e o secretário
executivo da pasta, Élcio Franco, dizia não haver
qualquer compromisso com São Paulo para aquisição
da Coronavac.
Franco alegou "interpretação equivocada da fala do
ministro da Saúde" sobre a compra da Coronavac. Em
rápido pronunciamento na TV Brasil, sem o ministro -
diagnosticado com a covid - ele destacou, ainda, não
haver intenção de compra das "vacinas chinesas".
Reações. O governador e sua equipe reagiram. "A
vacina do Butantã é a vacina do Brasil, de todos os
brasileiros", observou Doria. Para comprovar que
Pazuello havia confirmado a intenção de compra, o
governo de São Paulo divulgou vídeo com a íntegra da
reunião. Em nota, a Secretaria da Saúde classificou
como "descabida" a alegação sobre "interpretação
equivocada". Doria disse que Pazuello sai "fortalecido"
do episódio.
No Congresso, ao lado de parlamentares, até da base
do governo, o governador posou para fotos segurando a
vacina. Ele também se reuniu por quase duas horas
com a presidente da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, para discutir
protocolos de testes.
Barra Torres negou que a agência possa sofrer
"pressões políticas e ideológicas" na avaliação da
eficácia de vacinas.
Disse, porém, não haver data para concluir os estudos
clínicos ou dar registro a qualquer um dos quatro
imunizantes em desenvolvimento no País.
Pressão. Nos bastidores, Bolsonaro avaliou que
Pazuello se precipitou ao anunciar o acordo. O Estadão
confirmou que o vereador Carlos Bolsonaro
(Republicanos-RJ), filho do presidente, foi um dos que
se opuseram. Mas, ao desmentir a informação,
publicada pela revista Época, Carlos usou o perfil do pai
no Facebook. "Estou impossibilitado de ser o
"Controlador Geral da União" (...), pois
momentaneamente ocupo o cargo de vereador da
cidade do Rio de Janeiro!"
Não é de hoje que Bolsonaro vem sendo aconselhado a
aceitar a Coronavac. Até o presidente do Tribunal de
Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, de saída
do cargo, conversou sobre isso com ele e com o
ministro da Casa Civil, Braga Netto, há cerca de 15 dias.
Múcio, hoje também com covid-19, disse a Bolsonaro
que o Butantã não era um órgão político e o aconselhou
a apoiar uma vacina que não seria do governo federal,
nem de São Paulo, mas da sociedade brasileira.
No dia 14, Bolsonaro bateu o martelo e, em reunião com
Pazuello, deu aval para que ele continuasse as
tratativas com o Butantã para o protocolo de intenção da
compra de doses da vacina. Mudou de posição, porém,
com a repercussão negativa entre seus apoiadores.
As críticas da ala ideológica ao acordo que foi sem
nunca ter sido ultrapassaram fronteiras. "Os problemas
surgem no entorno, inclusive alguns ministros, que têm
"agenda própria", atacou o ex-ministro da Educação
Abraham Weintraub, hoje no Banco Mundial, em
Washington. Seguidor do escritor Olavo de Carvalho,
Weintraub é expoente do chamado "bolsonarismo raiz"
e adepto da teoria de que a China fabricou o vírus.
Na outra ponta, a oposição tenta capitalizar a crise. A
Rede protocolou ação no Supremo Tribunal Federal
para obrigar Bolsonaro a assinar o protocolo de
intenções da Coronavac. Presidente do Cidadania,
Roberto Freire disse que "o impeachment de Bolsonaro,
um arauto da morte, se impõe"./ COLABOROU
FABIANA CAMBRICOLI? Crítica "O presidente sou eu."