- EXAME. NOVEMBRO 2020
EEditorial
À
data de fecho desta edi-
ção, ainda não havia a
garantia de que o Orça-
mento do Estado para
2021 será aprovado. Por
mais que o desfecho fosse já relativamente
previsível – porque ninguém entenderia
um chumbo do documento – e que as ne-
gociações existam desde o início do verão,
os partidos insistiram na encenação pú-
blica e num espetáculo deplorável a que
os portugueses foram forçados a assistir.
O documento é o que é. Tem falhas,
como todos os Orçamentos, é mais mar-
cado ideologicamente do que seria desejá-
vel e não dá a devida atenção às empresas.
Tudo certo, mas está longe de ser um plano
desastroso. E, nesta conjuntura, só se esti-
véssemos perante um plano desastroso é
que se poderia justificar um chumbo e a
consequente crise política que se viveria.
Vamos por partes nesta farsa que não
deixa ninguém bem. O CDS, que não con-
segue sair da irrelevância em que caiu, há
muito que não conta para este Totobola.
O PAN, como de costume, está disponível
para apoiar o PS, sentindo que está (e efe-
tivamente está) a ser valorizado acima dos
votos que vale. Os partidos mais pequenos
têm um sentido de voto previsível, por mo-
tivos bem diferentes. Sobram o PSD, o Blo-
co de Esquerda e o PCP (mais Os Verdes).
O PSD teve a postura mais inesperada.
Depois de, durante anos, andar a levar fal-
tas de comparência na oposição ao gover-
no – tudo em nome de um nobre interesse
nacional –, Rui Rio anuncia que vai chum-
bar o Orçamento. Que o documento anda
longe do que o PSD propõe, e daquilo em
que acredita, isso percebe-se perfeitamen-
te, pelo que seria difícil um voto positivo.
Mas uma abstenção – importante no atual
xadrez parlamentar para facilitar a apro-
vação – seria não só compreensível como
até absolutamente coerente com a postura
que tem mantido até à data.. Ao guardar
para agora este assomo de oposição violen-
ta, deixa a nu uma coisa: a conversa toda,
até aqui, do interesse nacional acima da
tática partidária era, em bom português,
uma treta.
À esquerda, o PCP não resistiu a algu-
ma dramatização, mas foi fazendo a sua
negociação de uma forma progressiva-
mente mais discreta, evoluindo para uma
posição que poderá construir pontes (repi-
to, com os dados conhecidos à nossa data
de fecho). Já o Bloco de Esquerda embar-
cou definitivamente na mediatização da
negociação, desdobrando-se em entrevis-
tas e em intervenções, nas quais repetiu até
à exaustão que não cederia à chantagem
do PS, ao mesmo tempo que, como de cos-
tume, fazia chantagem ao PS.
António Costa faz cara de anjinho e,
enquanto afirma estender pontes à es-
querda, vai deixando avisos nada subtis de
que um chumbo teria como consequên-
cia uma crise política, com culpados muito
evidentes – os seus antigos comparsas da
Geringonça.
Quase tudo na vida é uma questão de
escolhas. E a escolha é entre um Orçamen-
to do Estado deficiente, mas que responde
ao momento, e uma crise que teria efeitos
severos e não traria garantia alguma de que
acabaríamos com um documento melhor
para o País.
No meio desta pandemia, do susto do
dia a dia, da crise económica e da saúde
e do desemprego, os portugueses preci-
sam de mais soluções e de menos show
off. Precisam de que se ande em frente
e de que os partidos voltem a pôr o inte-
resse nacional muito acima dos próprios
ganhos de curto prazo. De contrário, com
estes exemplos das últimas semanas, não
se queixem do crescimento dos radicais. E
Farsas orçamentais
POR
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Exame
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