Micro
52. EXAME. DEZEMBRO 2020
empresarial, à conta de empresas que es-
tiveram fechadas devido à pandemia. Mas
estávamos a crescer 5% em relação ao ano
anterior no final do 1º trimestre, mesmo
com a última quinzena de março já seve-
ramente afetada pela quebra de consumo”,
explica o gestor. Mas a Ancor nunca parou
de laborar este ano e até se orgulha de não
ter recorrido ao layoff ou de nem sequer
ter necessitado de despedir. “Claro que não
renovámos alguns contratos a termo, mas
foi algo sem expressão”, garante.
Em espera ficou a montagem de uma
nova máquina que lhe permitirá aumen-
tar a capacidade e a eficiência produtiva,
automatizando o ciclo até à embalagem e
a colocação nas paletes – um investimento
de 500 mil euros. “Começámos por per-
der em França, Itália, Holanda, Espanha,
até chegar a Portugal. O problema, agora,
é o ambiente que se vive no mercado. Está
tudo à espera para ver o que vai acontecer,
a gerir expectativas. Existe medo”, confessa
Francisco Correia. Neste contexto, também
os planos da Ancor “estão em banho-ma-
ria”. Num negócio em que é “preciso olhar
a longo prazo e fazer as coisas sem pressa”,
as decisões tomadas “são de meses”.
As grandes feiras internacionais onde
costumavam estar presentes foram subs-
tituídas por uma plataforma online (30
mil euros de investimento), e as reuniões
de apresentação do produto, intermedia-
das por um ecrã gigante – não sem antes
o potencial cliente receber, em mão, uma
caixa com exemplares do produto, para po-
der ver e tocar, até porque há texturas que
diferenciam o produto.
O que a pandemia não travou foi a festa
dos 50 anos realizada em fevereiro, na Alfân-
dega do Porto. Tempo de relembrar o negó-
cio iniciado pelo pai, António Augusto Cor-
reia (vem daqui o nome Ancor), com uma
simples oficina de manualidades nas trasei-
ras da Rua de Cedofeita, em plena Baixa por-
tuense. Natural de São João da Pesqueira, no
Douro, António Correia (hoje com 74 anos)
foi viver, com 13 anos, para o Porto, “na casa
de quem o empregava”. Depois, entregou-se
a fazer pastas de arquivo. “Ele costumava di-
zer: de manhã vendia, à tarde fabricava e à
noite entregava.” Serviço militar cumprido,
casou e foi então que juntou a sua empresa
à da mulher e optou pelo nome Ancor. Na
segunda metade dos anos 90, o negócio foi
passando para os filhos: primeiro, para Pe-
dro Correia, 50 anos, engenheiro mecânico,
e depois para Francisco. Os dois assumiram
a direção-geral da empresa e iniciaram um
plano de expansão e internacionalização.
“Acredito que este mercado não se extingue
nos próximos 20 anos. A nossa obrigação é
entregar à próxima geração uma empresa
melhor do que a que recebemos.” E
75%
Produção
A maior fatia da produção está con-
centrada na Península Ibérica: 45% em
Portugal e 35% em Espanha
15,7
MILHÕES
Faturação
Em 2019, a Ancor completava uma
década a crescer cerca de 1 milhão por
ano. O EBITDA oscila entre 1 e 2 milhões
Da produção ao design
A venda de modelos com marca própria (à esquerda) para
cerca de 30 países já vale tanto quanto o private label