O Tempo (2020-12-07)

¬ALINE PERES

¬ A partir de hoje, bares e

restaurantes de Belo Hori-

zonte não poderão vender

bebida alcoólica para con-

sumo no local. A determina-

ção da prefeitura fez muita

gente correr ontem, para

aproveitar os últimos mo-

mentos. “Ainda bem que

ainda podemos beber nos

bares hoje (domingo). Se

não tivesse a possibilidade

do bar, cancelaríamos a re-

serva”, disse a técnica de en-

fermagem Rayane de Araú-

jo, 27, que é carioca e veio

passear com o namorado

em Belo Horizonte. Eles vi-

sitaram o Mercado Central.

O cancelamento de re-

servas já começou. Dono

de um bar na avenida Bra-

sil, no bairro Santa Efigê-

nia, Carlos Alberto Gonçal-

ves Pedrosa, resolveu abrir

o comércio neste domingo

para tentar amenizar as per-

das que virão a partir desta

segunda-feira, com a proibi-

ção das vendas de bebidas

alcoólicas no balcão. “Tive-

mos que cancelar várias re-

servas para confraterniza-

ção de fim de ano. Eu vou

lutar para bater pelo menos

20% das vendas, mas só

vou abrir porque meu ir-

mão, que é meu sócio traba-

lha na cozinha. Se eu tivesse

funcionário, teria que demi-

tir ou fechar o bar”, lamenta.

A expectativa dos empre-

sários do ramo é de que o mo-

vimento do setor comece a

cair. Sócio do Dorival Bar e

Parrilla, André Ayres, a que-

da deve ser de 50% durante

a semana, subindo para 80%

nos fins de semana.

O comerciante Júlio Cé-

sar Palhares, que tem um bar

dentro do Mercado Central,

diz entender que a restrição

é necessária tendo em vista o

aumento de casos de Covid-

19 na capital. Mas, lamenta

as consequências e diz que te-

rá que demitir. “Sem beber

ninguém vem para o bar. Eu

vou ter que trabalhar sozi-

nho aqui e passar a vender re-

feições. Já que a doença (Co-

vid-19) está aumentando,

tem que diminuir o movi-

mento nos bares mesmo”,

diz Palhares.

Na avenida Brasil, na re-

gião Centro-Sul de Belo Hori-

zonte, os bares ficaram

cheios ontem. "Minha mu-

lher briga comigo se eu bebo

em casa. Sem bar agora eu

não sei o que vou fazer”, brin-

cou o aposentado Luiz Car-

los do Vale, que aproveitou o

domingo com um grupo de

amigos. “O pessoal agora ou

vai beber em casa ou vai pa-

ra os bares clandestinos”,

concluiu o amigo dele, Cris-

tiano Ourívio.

Por causa do avanço da doença causada pe-

lo novo coronavírus, O TEMPO criou uma

editoria especial para tratar do assunto.

Acompanhe também a cobertura no portal

O Tempo e na rádio Super 91,7 FM.

7

Ontem, o intenso movi-

mento na Feira Hippie

mostrou que a conscientiza-

ção da população ainda é ne-

cessária. Sem máscaras ou

então com o equipamento

de proteção no queixo ou

nas mãos, muita gente circu-

lava sem respeitar as regras

do distanciamento, lotando

os corredores.

Em alguns setores, como

o de bijuterias, a aglomera-

ção era maior. Uma das visi-

tantes do espaço, sem se

identificar, admitiu que o lo-

cal realmente estava cheio.

“Feira é isso”, comentou.

Apesar do movimento,

muitos consumidores ouvi-

dos pela reportagem afir-

maram que se sentiam segu-

ros. “Estou me sentindo se-

guro e confiante aqui por-

que vi que não tem aglome-

ração com as barracas mais

espaçadas” disse o farma-

cêutico João Bosco Ferreira

Júnior, 35.

Segundo o epidemiolo-

gista e professor da UFMG,

Bruno Ramos Nascimento,

se o contato com ambientes

de aglomeração for inevitá-

vel, as precauções básicas

para minimizar a transmis-

são são imprescindíveis.

“Tem que usar máscaras fa-

ciais, evitar apertos de mão

e cumprimentos íntimos co-

mo beijos e abraços, procu-

rar locais mais arejados e

ventilados dentro do am-

biente, fazer higienização

constante das mãos com

água e sabão ou álcool em

gel, e evitar contato de

mãos e superfícies com o

rosto e mucosas como boca

e nariz”, aconselha. (AP)

Cobertura especial

Domingo

Minas Gerais tem registro de

53 novas mortes em 24 horas

Venda é permitida,

mas consumo nos

estabelecimentos

está vetada

JOÃO GODINHO

Aproveitando. Grupo de amigos se reuniu ontem na avenida Brasil, para se despedir do último dia com bebidas alcoólicas sem restrição

Restrição para bebida alcoólica

em bares vale a partir de hoje

Despedida. Último fim de semana sem a proibição movimentou os bares e restaurantes de Belo Horizonte

Apreensão

Irregular. Fiscais de Con-

trole Urbanístico e Am-

biental realizaram a

apreensão de uma barra-

ca não licenciada. Houve

tumulto e uma mulher

passou mal.

7

Feira Hippie tem

movimento intenso

¬Com mais 53 óbitos confir-

mados em 24 horas, Minas Ge-

rais soma 10.336 mortes por

Covid-19. O Estado também

confirmou 3.011 novos casos

da doença, chegando a

441.315. São 305 novas noti-

ficações de óbitos e pouco

mais de 26 mil casos em uma

semana, em um momento de

alta nos números da pande-

mia no Estado, mas, segundo

a Secretaria de Estado de Saú-

de (SES-MG), ainda não de

uma segunda onda.

A última atualização da

secretaria, realizada no sába-

do, mostra ocupação de

66,8% dos leitos de enferma-

ria e 64,5% de ocupação dos

leitos de enfermaria no Esta-

do. Segundo os dados, 31.

pacientes continuam em acom-

panhamento, e outros

399.624 se recuperaram.

Até às 13h de ontem, o Bra-

sil tinha 176.721 mortes confir-

madas e 6.582.606 de casos,

segundo levantamento do con-

sórcio de veículos de imprensa

a partir de dados das secreta-

rias estaduais de Saúde.

Aglomeração. Feirantes se esforçam para cumprir o distanciamen-

to entre as barracas, mas lotação continua em muitos corredores

JOÃO GODINHO

8 | O TEMPOBELO HORIZONTE|SEGUNDA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2020

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