marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 105

encaminhada ao Congresso Nacional pelo então deputado Tancredo
Neves. Por Emenda Constitucional, o deputado mineiro propôs a
adoção do regime parlamentarista, o que limitava Jango, agradando
os militares. Em 7 de setembro de 1961, João Goulart toma posse.
Tancredo era o primeiro-ministro.
O Brasil no triênio 1961-1964 era um país onde a inflação
crescia a passos largos. Nesse período a inflação variou entre 38,1%
a 91,6%, sendo seguida por um decréscimo da renda per capita de
2,3 em 1962 para menos de 1,5 em 1963.^150 A concentração de terra
se fazia presente, sendo que o latifúndio respondia por “47,3% do
total das terras, tendo em cultivo apenas 2,3% dessa área”.^151 A crise
política desencadeada com a renúncia de Jânio era ampliada quando
associada a conjuntura econômica brasileira. O salário corroído pela
pressão inflacionária, crises de abastecimento, como a ocorrida em
1962, que levou a população a saquear armazéns na cidade do Rio
de Janeiro, criava uma demanda por uma política de reformas. O
retorno do presidencialismo se concretizou com o plebiscito realizado
em 6 de janeiro de 1963. Com 10 milhões de votos, João Goulart
recuperou o cargo de presidente. Seu governo teve a incumbência
de colocar na ordem do dia as chamadas “Reformas de Base”, que
possuía na reforma agrária seu maior desafio. Um dos pontos-chave
do Plano Trienal elaborado pelo economista Celso Furtado era a
“desapropriação, para pagamento em longo prazo, de todas as terras
consideradas necessárias à produção de alimentos”.^152 A pressão da
sociedade civil pelas reformas se fazia presente, com várias entidades
no encalço do governo. Entre elas destacam-se a União Nacional
dos Estudantes (UNE) e a Confederação Geral do Trabalho (CGT).
No plano político interno, algumas medidas adotadas pelo go-
verno Jango impunham uma linha de independência política que


(^150) PENNA, Lincoln de Abreu. Op. cit., p. 266.
(^151) TEIXEIRA, Francisco Carlos. Op. cit., p. 312.
(^152) Idem, p. 313.

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