marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 167

essa velha ia à missa todo dia, nós morávamos perto de uma igreja, e
essa velha após a missa ia lá em casa tomar café, mamãe já reservava
o café da velha. E essa velha tinha o apelido de Xixi. Essa velha era
a Xixi. E a minha irmã, a Edwirges, que a gente colocou o apelido
de Luizinha, ele dizia que era a Xixi porque a Xixi levava uma bolsa
cheia de roupas, de tralha. Ela chegava lá em casa , conversava, tirava
as tralhas da bolsa para mostrar, para contar os casos, a minha irmã,
que era pequena também andava com uma bolsa cheia de boneca,
de roupa de boneca, aí ele botou o apelido nela de Xixi. O Betinho,
ele botou o apelido de carocha.


Edson – E o apelido dele?
Tereza – Ele não tinha apelido, ele botava o apelido em todo
mundo. Sabe por que eu era a professora sem juízo?


Edson – Por quê?
Tereza – Porque eu dizia para ele: – olha, esse negócio de política
não vale nada, ficava “metendo o malho” para ver se ele desistia. A
minha impressão é que ele iria desistir comigo falando assim, aí ele
dizia: olha a professora sem juízo. Isso logo depois que ele entrou para
esse negócio de política, quando a gente desconfiava.
Olha, teve uma vez, era uma espécie de protesto, ele raspou a ca-
beça. O padre raspa e deixa aquela coroa, ele fez o contrário, raspou a
cabeça toda em volta e deixou só aquela coroinha de cabelo em cima.
Esse protesto foi na escola, no ginásio.


Edson – Então, já na escola ele já apresentava sinais de protesto?
Tereza – Ele já estava com essas ideias de protestar sobre alguma
coisa. Outro protesto também que ele fez foi ir para a escola – naquele
tempo não se usava muito sandália – então, ele cortou o sapato, fez
uma espécie assim de sandália, para poder ir para a aula com aquilo,
uma sandália. Então minha mãe falou para ele: – meu filho, para que

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