marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
174 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

cido, lá obteve a seguinte resposta (ele leu a carta e disse) – Com esse
sobrenome, lamento, mas fica difícil.
Pegou o jornal para procurar emprego. Achou uma prova para
telefonista. Passou no exame e logo foi chamada para a entrevista.
Mais uma vez o sobrenome pesou: – Tereza de quê? – Tereza Ma-
righella. Disse ela ao preencher a ficha de entrevista. Elogiada pelo
seu desempenho, pediram que aguardasse um comunicado, onde
brevemente se consumou a negativa.
Quando ia para a fila dos bancos e era chamada – Tereza Mari-
ghella – “todos me olhavam meio que espantados, dava uma vergonha,
dava vontade de chorar”. Seu marido, Armando Teixeira, até evitou
colocar o sobrenome nos filhos (José Augusto Teixeira e Regina Lúcia
Teixeira).
O marido, Armando Teixeira, visitou Marighella no hospital
Souza Aguiar, logo após o episódio do cine Esky-Tijuca, quando
Marighella foi baleado. Para ter acesso ao local onde se encontrava
Marighella era necessário aguardar as senhas, tomando o cuidado para
não identificar o “parente a ser visitado”. Após esperar algum tempo
Armando obteve a permissão para subir, avistou Marighella num
quarto, deitado sobre um leito, cercado por dois policiais à paisana.
Marighella percebendo a presença do cunhado fez sinal com os olhos
e um alerta sobre os “acompanhantes”.
Armando foi interrogado sobre o que estaria fazendo ali, disfarçou
se justificando: – estava procurando uma pessoa e pensava ser ela
aquela que se encontrava no leito.

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