marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 241

Ana – Talvez pela continuidade, por essa luta e por esse não
afastamento, em nenhuma ocasião, dos princípios, por causa do
exemplo que ele dava, principalmente esta frase “Não tive tempo de
ter medo”, dizia com tanta convicção, era com tanta convicção com
que ele expressava suas ideias, os seus pensamentos, será por isso? Eu
penso que sim, mas não posso assegurar com referência aos outros.


Edson – A senhora escreveu aqui no artigo de Prestes que ele não
era carinhoso, e Carlos era?
Ana – Era.


Edson – A senhora pode me dar um exemplo?
Ana – Eu estive doente, cansada e ele soube. Eu não me lembro
de nenhum companheiro que tenha em toda vida me telefonado,
perguntado, insistido para saber como estava minha saúde, como eu
estava. E foi ele. Tinha um médico no Rio de Janeiro, Niemeyer, que
examinava esse negócio cerebral, foi ele que foi atrás desse médico
para me ver, mas ele não fazia esse negócio só comigo não, mas com
qualquer companheiro que estivesse nessa situação de doença, de
dificuldade.
Ele dizia: “Ana você tem que saber dizer as coisas, saber expres-
sar de forma que toque – era essa a apreciação que ele fazia do meu
trabalho – você tem que aproveitar isso”.


Edson – Incentivava a senhora?
Ana – Para fazer comícios, comunicar-me com as pessoas. Por
exemplo, dentro do Partido, quando o pessoal dizia que tinha que
falar com uma pessoa, ele dizia: “manda a Ana, ela chega lá e conversa
com as pessoas, se comunica, ela tem uma capacidade, essa condição
de se comunicar com as pessoas”.


Edson – Logo ele que era um bom discursador?
Free download pdf