marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
26 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

presidentes ligados a grupos econômico-políticos de Minas Gerais e
São Paulo. A disputa entre o café e o leite se impôs aos interesses dos
demais Estados da República. Na Bahia não será diferente.
A saudosa “Bahia de Todos os Santos” convivia com a Bahia de
todos os coronéis. No início da República, a política baiana ganharia
características que se estenderiam até 1930: “uma divisão política entre
o litoral e o sertão, um forte sistema de grupos múltiplos dominados
por personalidades, e um alto grau de política de reflexos pavlovianos,
ditada segundo o capricho do governo do Rio”.^13
A sucessão de Afonso Pena, que morreu em 1909, contou com
a articulação de Pinheiro Machado, do Partido Republicano Rio-
grandense, com os coronéis do Norte e Nordeste do país, em torno
do apoio à candidatura de seu conterrâneo, o Marechal Hermes da
Fonseca. O candidato a vice-presidente seria o governador de Minas
Gerais, Venceslau Brás. Formava-se uma frente que compreendia o
Rio Grande do Sul, o Exército e Minas Gerais. Do lado oposto, com
a campanha civilista, Rui Barbosa encabeçava a chapa de oposição,
juntamente com o governador de São Paulo, Albuquerque de Lins.
A vitória do Marechal Hermes da Fonseca facilitaria a candidatura de
José Joaquim Seabra ao governo da Bahia, marcada para 1912. J. J.
Seabra atuou, na Bahia, como cabo eleitoral do presidente eleito. O
ano de 1911 foi agitado pela sucessão no governo baiano. A situação
se complicou quando o governador João Ferreira Pinho renunciou,
faltando três meses para completar seu mandato. O governador
interino, Aurélio Viana, do Partido Republicano Baiano, manobrou
no sentido de transferir o legislativo estadual para fora de Salvador e
proibiu a participação dos “seabristas” nas sessões. A crise política só
foi resolvida com a intervenção do Marechal Hermes da Fonseca, inau-
gurando um recurso dos presidentes que, a partir de 1910, “usaram


(^13) PANG, Eul-Soo. Coronelismo e Oligarquias (1889-1934): A Bahia na Primeira Re-
pública Brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

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