marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
278 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

naquela época – mas, acompanhava alguns comícios, algumas pales-
tras de dirigentes comunistas que iam a Santos. Embora eu não fosse
comunista, eu acompanhava. E aí, fiquei conhecendo o Marighella.
Agora ter contato com ele mesmo foi em 1950, por aí, em São Paulo,
depois que eu fui demitido da Companhia das Docas de Santos, que
era uma empresa que explorava o porto. Eu aí já era do partido, já era
militante do partido. Entrei no partido em 1945, maio de 1945. Só
fui conhecer o Marighella, pessoalmente, em 1950. Como eu era do
movimento sindical, em Santos eu militava nas docas e também tive
participação ativa no partido, de 1945 até 1950, quando fui demitido.
E o partido, quando eu fui demitido, resolveu me procurar. A direção
estadual, da qual o Marighella fazia parte, resolveu me procurar em
Santos, sugerindo a minha vinda para São Paulo para ser revolucionário
profissional. Eu de princípio não entendia bem essa perspectiva de ser
revolucionário. Sempre trabalhei, sempre tinha trabalhado.
Vim a São Paulo para uma reunião com o Marighella e o Ramiro
que foi um dirigente ferroviário, veio me buscar em Santos, era um
dirigente ferroviário e era responsável pelo trabalho sindical na época.
Foi aí que eu conheci Marighella pessoalmente. Ele me expôs a situação
sindical com esse Ramiro Lukesi, me expuseram a situação sindical
e colocaram para mim se eu aceitava ou não fazer parte do que na
época se chamava Sessão Sindical do Comitê Estadual. Eu seria um
dos integrantes de uma espécie de Departamento Sindical do partido,
chamava-se Sessão Sindical do Comitê Central Estadual do partido de
São Paulo. Eu aceitei a tarefa e já gostei do Marighella ali, da maneira
dele conversar, de me tratar, a gente ficava à vontade com ele. Eu senti
que ia me dar bem porque eu estava à vontade com ele para conversar.
Os outros dirigentes do partido não tinham essa comunicação, você
não se sentia à vontade, eu pelo menos. Não sei se era pelo fato do
nível cultural, enfim, não sei bem qual era a razão. Com o Marighella a
conversa era fácil, a conversa, ele falando, brincando e tal. Eu já fiquei
me simpatizando com ele. Tem outros dirigentes, como o Diógenes

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