314 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA
Edson – Você falou em João Saldanha e sobre esporte. Você
presenciou Marighella comentando sobre futebol, ele gostava de
futebol?
Jacob – Ele jogava futebol como qualquer jovem brasileiro joga.
Uma vez, isso foi em 1947, houve uma festa, um piquenique lá na
Barra da Tijuca, que até então era desabitada, foi na III Conferência
Nacional do Partido Comunista, tinha até delegados estrangeiros,
daqui e da América Latina, e improvisaram uma pelada e o Marighella
participou. Quanto em relação à torcida não me lembro. Ele parece
que quando pôde, que foi nesse período de legalidade, ele gostava
de carnaval.
Edson – Ele chegou a comentar isso?
Jacob – Não. Me disseram que no carnaval de 1946 ele saiu até
fantasiado lá no Rio de Janeiro. Havia um carnaval de rua, naquela
época muito intenso, não era como hoje que é só desfile.
Edson – O Marcucha, filho do Diógenes Arruda, me passou
uma informação de que na sede do partido ali na Glória, durante a
época da legalidade, Marighella gostava de fazer paródia, gostava de
organizar o Bloco da Mula Manca.
Jacob – É possível, tem uma cançoneta da Mula Manca, uma
letrinha qualquer que eu já não me lembro qual. E depois me falaram
que no carnaval de 1946 ele saiu fantasiado, fazendo brincadeiras de
rua. Mas depois ele cai na ilegalidade e essas coisas não eram possíveis.
Edson – E música?
Jacob – Também pouco. Música, literatura, pouca coisa eu me
lembro de comentários com o Marighella.
Edson – Por que você enfatiza no seu livro, a que você atribui o
heroísmo de Marighella?