322 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA
JOC, Juventude Operária Católica e tem também os camponeses que
eu não me lembro como era a sigla, mas isso foi depois. Eu comecei
a fazer política nessa área de igreja em 1958, quando eu estava no 3º
ano do ginásio. O Colégio Paes Leme ficava na Rua Augusta com a
Paulista, aqui em São Paulo.
Edson – Qual era o nome desse primo?
Roberto – Meu primo era o Luiz Alves.
Edson – Um detalhe: de 1959 já se encontraria na década de
1960, uma década de efervescência e até nesse momento você tinha
alguma informação sobre Carlos Marighella?
Roberto – Nada, nada, nada. Então, aí eu entrei na faculdade, na
Universidade Mackenzie, era uma faculdade superconservadora, fui
fazer engenharia lá, entrei em 1963 e me formei em 1967.
Edson – Engenharia?
Roberto – Engenharia Industrial. Em 1962 teve uma primeira
grande transformação na política estudantil aqui no Estado de São
Paulo, o que aconteceu? Pela primeira vez as forças católicas represen-
tadas pela JEC e a juventude do Partido Comunista, se uniram para
eleger o presidente da Upes, União Paulista dos Estudantes Secunda-
ristas, que foi o Moisés. Eu não me lembro o sobrenome dele, mas
ele foi militante do PT, hoje ele é um dos assessores mais importantes
do ministro da cultura, do Weffort, ele que libera esses recursos para
projetos culturais, ele foi editorialista da Folha muito tempo, você é lá
do Rio não conhece muito. Então, pela primeira vez, em 1962 – antes
era um puta pau – quando eu entrei, comunista com a gente era um
troço complicado, não podia falar, não podia fazer. Daí o troço evo-
luindo, evoluindo e nós fizemos uma aliança para derrotar a direita.
Edson – Quem era essa direita?