marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
330 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

indo para a ALN e o pessoal de AP já estava decidido, inclusive nós
preparamos um congresso para o Marighella levar uns documentos
que ficou pronto em maio, junho de 1967, foi quando ele levou os
documentos para lá, para a Olas. Nesse tempo já começaram algumas
ações pequenas.


Edson – Que tipo de ações?
Roberto – Na verdade, o que foi definido era a guerrilha dos polos.
O Marighella achava que o ganho, a gente ia ter um crescimento.
Porque, veja bem: eu era um cara jovem, em 1967, eu sou de 1942,
tinha 25 anos, eu era faixa preta em artes marciais, judô e karatê, eu
era muito forte, um cara bom de briga. Então, a gente começou a
treinar para fazer ações. Então, como nós começamos as ações? Tomar
armas de alguns caras, principalmente dos vigilantes. A primeira vez
que a gente faz isso é um troço pirado. Depois de uns quatro meses
era a maior diversão da gente pegar armas dos caras. Apostava um
grupo de três quem pegava mais armas, num dia, numa semana.


Edson – Isso com a ALN já surgindo?
Roberto – Já surgindo. Eu tendo isso como experiência, um dia
o Marighella falou: “Vamos fazer um assalto a banco”. Eu andando
no carro, ele falou: “Para aqui”. Eu peguei e parei. Ele pegou eu e
dois caras que estavam atrás do carro, eu, ele, e fomos num banco,
assaltar um banco, rapaz!


Edson – Mas assim, sem preparar, sem nada?
Roberto – Mas há cinco minutos ele falou comigo: “Você é macho
pra caramba”. Eu falei: “Eu sou”.
“Você faz isso”?
“Faço?”
“Então, você vai assaltar um banco. Você já tem experiência em
algumas ações”?

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