marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
346 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

Edson – Por mais que a imprensa fosse censurada alguma coisa
tinha que vazar.
Roberto – Rapaz, alguma coisa de segurança tinha que ter, ele
não podia ir num troço sem conversar com dois, três caras que ti-
nham ligação com aqueles caras. Essa história toda é muito loucura,
não é? Se a história da polícia toda é verdadeira, a segurança é uma
irresponsabilidade, ou não é?


Edson – Você discutiu com ele sobre segurança?
Roberto – A gente teve várias discussões. Nesse dia que ele fez esse
negócio, depois que eu encontrei com ele, eu fiquei puto, ele se expôs
muito, ele já estava visado: “Pô Mariga, eu te vi a quatro quarteirões,
imagina um cara do Dops que é treinado para isso”.


Edson – E a reação dele?
Roberto – Ele dava risada, ele era foda, ele era um cara forte. Ele
ouvia muito a gente, levava na gozação (risos), mas ouvia muito. A
gente teve muita briga sobre segurança.


Edson – Fora da discussão política você o viu alterar com alguma
pessoa, ele muito tenso?
Roberto – Várias vezes eu vi o Marighella muito tenso, muito
triste, quando ele sabia das perdas, quando o pessoal relatava para ele,
tinha época que ele sentia que o negócio não estava avançando, perder
um quadro naquela época era um troço, nós éramos muito poucos.


Edson – E ele na ação, ele assumia a liderança da ação?
Roberto – Era. Ele não fazia muita ação. Nessa, que eu te contei,
mesmo com a polícia chegando, a gente ouvindo aquele barulhão, ele
estava tirando um puta sarro. Nessa ele mandou: “Você vai fazer isso,
você vai fazer aquilo”. Ele entrou tranquilo, e fez discurso quando o
pessoal foi pegar o dinheiro.

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