EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 351
processo que tinha com ele, o Marighella foi para a Executiva, na
época, já nova, com a nova, ele era responsável pela área de finanças
e por outras coisas lá. Eu fui para o Secretariado do partido no re-
gional do Rio, então eu tinha um contato com ele, mas era muito...
Ele andava muito atrapalhado na época, você imagina, negócio de
finanças, o partido saindo da legalidade, ele era muito solicitado, a
gente se cruzava na época, conversava, mas eu nunca tive assim uma
coisa maior. Ele ficou nisso um tempo, depois do 5º Congresso, se
não me falha a memória, ele saiu do que estava e ficou responsável
pelo trabalho de massas. Geraldo deve ter lhe dito melhor, na época
já era chefão lá. Meu negócio ainda era no Estado, era lá. Então,
era comum no trabalho, eu encontrava o Marighella, ele conversava
comigo, essa coisa, mas não havia assim um contato maior. Eu estava
atarefado com as maluquices nossas e ele com as dele lá. Eu o conheci
mais no período anterior, pessoalmente. Mais para frente eu comecei
a perceber, aí foi uma coisa de percepção, duas coisas começaram a
acontecer, na primeira é o seguinte: mais uma vez, quer dizer, o par-
tido, aquela... Carimbava um pouco as coisas. Qual era o caminho
do Marighella? Que era um companheiro de “direita”. Essa visão que
se tinha de Marighella. Mas aí, logo depois, em 1961, com aquela
tentativa do golpe contra o Jango, o golpe no golpe, foi um período
muito conturbado. Eu acho que foi ali, do que eu posso detectar, o
próprio Marighella começou a desenvolver uma atitude, ele começou
a depositar, como dizer, uma esperança, uma confiança exagerada em
certos movimentos da área militar. Aí começou aquele negócio dos
sargentos, marinheiros, ele andou fuçando esse troço todo. Umas duas
vezes eu tentei conversar com ele. Como eu tenho um passado, que
eu entendo também dessas coisas, eu tinha um pouco os pés na terra
mais do que ele, tinha uma ideia mais clara, que podia não ser bem
o que ele estava pensando. Ele me ouvia, tudo bem, mas estava na
dele. Depois veio 1964, ele foi preso, eu soube disso aí já separado,
ele veio aqui para São Paulo, eu tinha uma tarefa aqui na direção,