marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 377

gem de mão, a peruca do Jonas, ele era careca, em São Paulo andava
de peruca, quando foi para o Rio ele inverteu, deixava a peruca em
casa e andava careca para mudar de cara, de fisionomia. Então, no
dia seguinte a gente viu no jornal uma noticiazinha do aparelho que
foi estourado, tudo que foi encontrado lá, a fitinha que tinha essa
gravação da conversa com o embaixador. Ela está na mão do Exército.
Eu sempre falo isso, amanhã ela chega no Arquivo Nacional.


Edson – E os textos que vocês viram ficou com alguém?
Manuel – Eu acho que ficou com alguém. Eu não me lembro
não. Deve ter ficado com a gente mesmo. Já que você está fazendo
essa pesquisa no Rio de Janeiro, procura ver lá. Dois dias depois do
sequestro, num dia de jogo de futebol, era um jogo Palmeiras e Vas-
co, era o início de um campeonato Rio – São Paulo daquele ano. E
quando os caras chegaram nove horas da noite falaram: “e não temos
lugar para vocês, têm que se virar sozinhos”. Porque o nosso dinheiro
o grosso ficou lá no apartamento. Sem mala, sem roupa, sem porra
nenhuma, sem arma, sem nada e sem casa, no Rio de Janeiro em
pleno pós-sequestro. A gente tirou a ideia. Falei pro Jonas, ele gostou,
vamos nessa e deu certo. Falei vamos lá pra
porra do Maracanã, a gente se mistura com a torcida do Palmeiras,
compra um ingresso. Pegamos o dinheiro com o cara lá do Rio pra
poder se virar, pra poder chegar em São Paulo. A gente tinha pouco
dinheiro, eles deram o pouquinho que eles tinham, porque eles esta-
vam em casa. A gente foi para o Maracanã, compramos um ingresso
que deixava um bilhetinho na nossa mão, para provar que foi ao jogo.


Edson – A ideia foi sua?
Manuel – É. A gente pode até voltar de ônibus com a torcida, eles
podem estar de ônibus lá, a gente volta de ônibus (risos), compra ban-
deira. Só que na teoria é uma coisa e na prática é outra. O campeonato
muito no começo, era uma das primeiras rodadas, não tinha torcida

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