marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 43

é um elemento que não pode ser desprezado. A proposta aqui é veri-
ficar como essa impetuosidade se construiu na trajetória de vida do
personagem e qual a contribuição que ela tem na trajetória política.
É evidente que as opções políticas de Carlos Marighella estão imbri-
cadas num contexto político muito complexo e específico, seja no
Partido ou na luta de resistência à ditadura militar, em momentos
distintos da conjuntura brasileira: o peso do político é sempre maior.
O ímpeto será um elemento estratégico para ampliar a compreensão
da trajetória política do personagem, em especial a sua opção pela luta
armada. Isso não significa que a impetuosidade seja uma condição
obrigatória para todo revolucionário. No caso específico de Carlos
Marighella ela o foi, e teve um peso relevante.


Com Clara Charf e Carlos Augusto
Urca, Pão de Açúcar – o bondinho flutuando
como uma caixinha de fósforos dependurada no ar.


O rádio, a televisão, a novela, o cinema,
o futebol com o Maracanã – o maior estádio do mundo, que ficou
incompleto porque é a imagem do Brasil.
(Carlos Marighella, Rio de Janeiro, 1958)

“Alameda Casa Branca, 10 horas da manhã de ontem. De Mari-
ghella, resta apenas uma grande mancha seca, de sangue, que a terra
e o cimento da calçada não beberam de todo”.^48 Assim informava o
Estado de S. Paulo, em 6 de novembro de 1969. Não era essa a mes-
ma opinião dos familiares de Carlos Marighella após sua morte em
4 de novembro de 1969. Desde o assassinato, a família Marighella
empenhou-se em recuperar a imagem do militante revolucionário.
O Departamento de Ordem Política e Social (Dops) paulista fez o


(^48) O Estado de S. Paulo, São Paulo, 6.11.1969.

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