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Correio Braziliense/Nacional - Política
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: por Carlos Alexandre de Souza »
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Gato e rato nas redes sociais


A ida de apoiadores do bolsonarismo para outras redes
sociais, em resposta às medidas adotadas por gigantes
da tecnologia que decidiram limitar a ação de
extremistas, após a invasão do Capitólio, nos Estados
Unidos, reproduz uma espécie de jogo de gato e rato no
mundo virtual. Não faltará espaço para que os
simpatizantes de Jair Bolsonaro, Donald Trump ou
outros políticos conservadores manifestem suas ideias.
As redes sociais permitiram que pessoas, antes
dispersas na sociedade real, se aglutinassem na
internet a partir de afinidades ideológicas de modo
sistemático e seletivo. Nesse novo modelo de
associação política estimulada por algoritmos, prevalece
o sectarismo, e não o respeito ao próximo, princípio
elementar de uma democracia. Está claro que militantes
bolsonaristas e trumpistas encontrarão outras maneiras
de se manifestar.A intervenção de empresas como


Facebook e Twitter, banindo milhares de usuários de
suas redes, constitui uma medida perigosa e tardia.
Perigosa porque adota critérios generalistas,
entendendo com risco para a sociedade as postagens
de milhares de usuários, como uma espécie de tribunal
de exceção virtual. E tardia porque, há anos, políticos e
simpatizantes de extrema direita atacam, ameaçam e
ofendem cidadãos, políticos e instituições, em todo o
planeta. Apesar de todos os alertas contra a
desinformação e a violência nas redes sociais, a
tolerância no mundo virtual tornou-se muito além do
aceitável. Até arrombar a porta do Congresso norte-
americano.

Antes, tudo bem

Após faturar bilhões, durante anos, com o tráfego
gerado por figuras de enorme influência digital como
Donald Trump, as megaplataformas decidiram tomar um
posicionamento político. Esquecem-se, no entanto, de
que o republicano recebeu 74 milhões de votos, incitou
uma multidão a afrontar um símbolo da democracia
norte-americana e deixou o mundo em calafrios com
seu poder político. Se adoradores de Trump e do
radicalismo ficaram grandes demais, foi por leniência de
gigantes da tecnologia da informação que, sob o verniz
de liberdade de expressão, permitiram o ovo da
serpente vir ao mundo.

Tribunal virtual

Há um problema evidente em questão. Gigantes de
tecnologia não são tribunais. Não representam a
Justiça. Tampouco ficam bem ao assumir posição
partidária, sob o risco de se imiscuírem no jogo político.
Volta-se, então, a questionamentos antigos. Quem
controla as redes sociais? Os mecanismos de
autorregulação adotados pelas plataformas são
suficientes? Cabe a elas o papel de impedir excessos
da política? Quem definirá o limite do que pode ou não
ser publicado? Quais redes sociais são toleradas, ou
não?
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