Clipping Banco Central (2021-01-13)

(Antfer) #1

Montadora dá sinal de alerta


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Clique aqui para abrir a imagem

O encerramento das atividades fabris da Ford no país é
um forte sinal de alerta para as autoridades apressarem
a aprovação das reformas estruturantes, sobretudo a
tributária, a tanto tempo reclamada pela sociedade,
classe empresarial à frente. Isso porque o Custo Brasil
dificulta, sobremaneira, a manutenção de uma empresa
em funcionamento, com os riscos para os
empreendedores sendo maiores do que em outras
partes do mundo. Além de terem de conviver com o
intrincado cipoal de leis e regulamentações do sistema
tributário, que faz com que as companhias gastem cerca
de um terço de sua energia para não cometerem
deslizes fiscais e serem autuadas, até criminalmente.


O fechamento de milhares de postos de trabalho -- mais
de 5 mil no país e na Argentina -- com a desativação
das fábricas da montadora em Taubaté (São Paulo),
Camaçari (Bahia) e Horizonte (Ceará) foi anunciado em
péssima hora, quando o número de desempregados
formais é de mais de 14 milhões de brasileiros. O grupo
manterá fábricas em funcionamento no país vizinho e,
no Brasil, permanecem a sede da empresa na América


do Sul, o centro de desenvolvimento na Bahia e o
campo de provas em Tatuí (S).

A questão é que a indústria automotiva responde por
uma grande cadeia de fornecedores e a saída da Ford
deve representar duro golpe na produção industrial
brasileira. O setor de veículos automotores, reboques e
carrocerias, por exemplo, teve crescimento, em
novembro passado, de 11,1% em relação ao mês
anterior. De se ressaltar que a atividade industrial
registrou alta de apenas 1,2% no mesmo período, com
as montadoras puxando o desempenho da indústria, de
acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IGE). A Associação Nacional de Fabricantes
de Veículos Automotores (Anfavea), por seu lado,
projetava crescimento de 15% nas vendas de
automóveis, este ano, com saldo positivo de 25%,
dados que devem ser revistos.

As reações foram várias depois da decisão da
montadora, a começar pelo presidente Jair Bolsonaro.
Ele disse que, na verdade, a companhia americana
queria subsídios do governo brasileiro, talvez se
esquecendo de que o setor automotivo recebe
benefícios do BNDES há muitos anos. Só a Ford
contratou, junto à instituição financeira de fomento,
empréstimos, a juros camaradas, desde 2002, no valor
aproximado de R$ 3,5 bilhões. E ainda deve cerca de
R$ 335 milhões. O Ministério da Economia se
manifestou, por nota, dizendo que "a decisão da
montadora destoa da forte recuperação observada na
maioria dos setores da indústria do país".

Dirigentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
destacam que a iniciativa da Ford representa um alerta
ao Congresso e aos governantes para que apressem as
medidas para redução do Custo Brasil. As lideranças
políticas precisam se entender, rapidamente, para a
promoção da melhoria do ambiente de negócios,
aumento da competitividade dos produtos nacionais no
mercado externo e garantia da segurança jurídica.
Começando com a urgente aprovação da reforma
tributária. O país não pode mais esperar.
Free download pdf