Clipping Banco Central (2021-01-13)

(Antfer) #1

Trump vai tarde


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Clique aqui para abrir a imagem

Autor: Rodrigo [email protected]


"A democracia é preciosa e, como todas as coisas
preciosas, é frágil." A declaração foi feita ao Correio por
Allan Lichtman, historiador político da American
University que previu a derrota de Donald Trump nas
eleições de 3 de novembro. A covarde e absurda
invasão ao Capitólio foi uma agressão não apenas ao
Legislativo e a um dos símbolos do poder nos Estados
Unidos. Sob a incitação de Trump, trogloditas,
supremacistas brancos e fanáticos da extrema-direita --
que confiam e vomitam teorias da conspiração e fake
news -- colocaram uma faca contra o pescoço da
democracia norte-americana. O ataque ao Congresso
foi um desastre político, mas, sobretudo, uma tragédia
humana. Cinco pessoas perderam a vida nesse arroubo
estúpido e irracional. Se alguém saiu derrotado nessa
imbecilidade, foram o próprio Trump e seus asseclas.


O 6 de janeiro de 2021 entra para a história como um
dos dias mais sombrios da história dos Estados Unidos.
Mas, também, como a descida do homem mais
poderoso do mundo à ultrajante posição de golpista.
Trump tem as mãos manchadas de sangue e deveria ter


sido imediatamente afastado do cargo e retirado da
Casa Branca pela polícia. Acuado, Trump ganha um
lugar na história como um presidente mau perdedor,
que caiu na própria armadilha do ego. Em exatamente
uma semana, caso não ocorra nenhuma intercorrência
antes disso (a invocação da 25ª Emenda pelo vice, Mike
Pence, ou um improvável impeachment sumário),
Trump terá virado passado.

Preocupa o fato de que seu rebanho de seguidores
possa tratá-lo como mártir e iniciar uma onda de
protestos violentos em resposta ao resultado de uma
eleição que julgam fraudada. A própria vida do
democrata Joe Biden corre risco. A invasão ao Capitólio
foi uma demonstração do alcance da polarização
política e da irracionalidade. A sina de Trump é apenas
daquele que agora colhe o que plantou.

Desde que ascendeu ao poder, em 20 de janeiro de
2017, o republicano semeou discórdia, promoveu a
intolerância racial, disseminou fake news pelas redes
sociais e zombou da imprensa. A extirpação de Trump
das redes sociais é resposta à truculência e à exortação
da divisão. Quem aponta suposta afronta à liberdade de
expressão deplora a verdade ou corteja o radicalismo.
Que o fim merecido de Trump sirva de lição para outros
líderes que colocam seus projetos políticos acima do
bem-estar do povo e aviltam a democracia,
desprezando a própria nação.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
Free download pdf