Clipping Banco Central (2021-01-13)

(Antfer) #1
Brasil é refém de subsídios, e governo não dá soluções, diz presidente do
Insper

Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
Banco Central - Perfil 3 - Reforma Tributária

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A decisão da Ford de encerrar suas fábricas no Brasil
fez usuários de redes sociais resgatarem um vídeo do
economista Marcos Lisboa dizendo, em evento
patrocinado pela Volkswagen, que a crise enfrentada
pelo setor automotivo se deve ao fato de o governo
sempre atender às demandas das montadoras.


O presidente do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa)
e colunista da Folha diz hoje que a fala, gravada em
setembro de 2016, continua atual. Ele considera o país
refém dos subsídios e diz que o Brasil deveria, em vez
disso, se voltar à abertura comercial e à simplificação do
sistema tributário para diminuir o custo de se produzir
no país.


Apesar disso, ele não vê liderança ou clareza do
Executivo para implementar essas reformas. "Uma das
dificuldades que o país vive é que o governo não
consegue apresentar propostas concretas para temas
tão importantes", afirma.


Setor que tradicionalmente recebe atenção especial do


governo por conta do valor agregado à economia e do
impacto sobre o emprego, a indústria automotiva foi
beneficiada com R$ 69,1 bilhões em incentivos fiscais
da União entre 2000 e 2021, em valores corrigidos pela
inflação.

Folha - O senhor disse em palestra de 2016 que a crise
do setor automotivo tinha como causa o governo
atender a todos os pleitos das empresas. Essa
avaliação continua válida? Sim, o fechamento de
fábricas de automóveis no Brasil não deveria ser uma
surpresa. Tivemos uma política para o setor, durante
muitos anos, de estimular a criação de fábricas de
automóveis e equipamentos no Brasil, mas o problema
é que a produção de automóvel e da indústria, em geral,
requer escala. E isso não é viável numa economia do
tamanho do Brasil. Você não consegue uma cadeia
completa, ainda mais em automóveis, cuja venda é
bastante pequena. E mais ainda no nosso caso, pois
temos uma economia fechada, com menor acesso à
tecnologia e, portanto, menos eficiente.

A crise no setor vem de longa data e era previsível que
várias unidades se tornariam inviáveis. Só não eram
antes pela quantidade de subsídios, então ficamos
reféns de dar incentivos para preservar a produção de
algo não eficiente no país.

E os subsídios não têm se mostrado suficientes para
compensar... Não, porque as empresas não querem
esse sistema tributário confuso e esse ambiente de
negócios disfuncional. Nossas regras não são
minimamente uniformes entre os diversos entes. Além
disso, tributamos de forma muito diferente os diversos
produtos. Tem uma série deles que pagam pouco
imposto, mas outros que pagam muito â?"como a
energia elétrica, que acaba onerando a indústria.

Por causa dessas distorções, foram concedidos
subsídios e benefícios. E sem muito critério, de forma
descentralizada, privilegiando quem tem acesso aos
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