REVISTA FEVEREIRO

(MARINA MARINO) #1

Como já era muito tarde, deixei
meudescontentamentodelado,trateide
tomar um banho quente, e me enfiei
debaixodascobertas.Quem sabese no
mundo de Morfeu eu encontraria uma
justificativaquemesatisfizesse?
Poisnodiaseguinte,quandofazia
atoalete,umalembrançavinhadiminuir
a velocidade com que escovava os
dentes...
Não sei se concordará comigo,
amigo leitor, mas aquele desprestígio
poderiaserrespondidocom aajudada
conhecidafórmulaporqueumcopocom
águapelametadepodeserobservado.
Nesse sentido, ou nos
martirizamos porque só nos resta
metade do precioso líquido, ou nos
felicitamos porque ainda temos meio
copodeáguaparabeber.
Assim, quando a vida nos impõe
umperíododeextrema dificuldade– e
não há quem disso se safe –, ou o
olhamosatravésdasjanelasembaçadas
dopessimismo,oque,porcerto,afastará
qualquer laivo de esperança, ou o
enxergamos por meio das lentes
cristalinasdo otimismo,queencontrará
na filha querida da fé a sustentação
necessáriaparaenfrentá-loesuperá-lo,
permitindo que saiamos dessa
experiência mais fortalecidos
(resiliência).


Daíeupergunto:Qual deveriasero
papel do escritor contemporâneo nestes
temposcinzentosdaCOVID– 19?
Seráqueaquelequedetémopoder
de influenciar milhõesde pessoas como
seudomteriaodireitodeabalar,fraquejar
ou até mesmo destruir a esperança
daquelesque a elase agarram, eporela
são beneficiados, só porque se identifica
comoromantismosombriodePoe,adora
voarnopessimismoschopenhaueriano,ou
foiacometidodadoençadaHienaHardy?


  • Ohvida,ohazar...
    Fico, então, imaginando se esse
    autor teria a coragem de manter o seu
    juízo sobre aesperança, casotivesse que
    aconselhar um amigo que ligasse
    buscando reconforto, porque sua esposa,
    que pela manhã já vinha sentindo
    dificuldades para respirar, teve que ser
    entubada às pressas no final do dia por
    causadonovovírus?
    Mas como existe louco para tudo,
    nãoficariachocadoseele,alémdemanter
    o seu ponto de vista, ainda achasse
    oportunocitarBaconcomoarremate.–“A
    esperança é um bom almoço, mas uma
    péssimaceia.”
    Ora!Éjustamentenestestemposde
    pandemia que o escritor tem o dever
    moral de soerguer, de sustentar, de
    fortaleceredeestimularosseusleitoresa
    seguiremadiante,esperançosos!

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