Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1
de ambos os observadores terem algum conhecimento sobre a
prevalência da anormalidade. Por exemplo, se 95% dos sujeitos forem
normais, dois observadores que escolherem aleatoriamente quais 5%
dos testes eles irão considerar anormais irão concordar que os
resultados são “normais” 90% das vezes. O percentual de concordância
também não é uma medida ideal quando um teste tem mais de dois
resultados possíveis e esses resultados possuem uma ordem intrínseca
(p. ex., normal, limítrofe e anormal), uma vez que ele considera a
concordância parcial (p. ex., normal/limítrofe) da mesma forma como a
ausência total de concordância (normal/anormal). Uma medida melhor
de concordância interobservador, denominada kapa (κ) (Apêndice
12A), mede o grau de concordância além do que seria esperado a partir
do conhecimento dos observadores sobre a prevalência da
anormalidade^2 e permite valorizar a concordância parcial. O kapa varia
de −1 (ausência total de concordância) a 1 (concordância total). Um
kapa de 0 indica que a concordância não foi superior à que seria
esperada pelas estimativas dos observadores sobre a prevalência de
cada nível de anormalidade. Valores de kapa superiores a 0,8 são
geralmente considerados muito bons; níveis entre 0,6 e 0,8 são
considerados bons.


  • Variáveis contínuas. A escolha das medidas de variabilidade


interobservador para variáveis contínuas depende do delineamento
empregado. Certos estudos medem a concordância entre apenas dois
aparelhos ou métodos (p. ex., temperaturas obtidas a partir de dois
termômetros). A melhor forma de descrever dados de um estudo como
esse é reunir os dados sobre pares de medidas (cada par consistindo em
duas medições feitas em momentos próximos em um mesmo sujeito) e
relatar a diferença média entre essas medidas pareadas, bem como
alguma medida da dispersão dos valores, como o desvio-padrão ou a
frequência com que a diferença excede um limiar clinicamente
relevante. Por exemplo, se 0,3°C for considerada uma diferença de
temperatura corporal clinicamente relevante, um estudo que compara as
temperaturas dos termômetros timpânico e retal poderá estimar a
diferença média entre as duas medições (± o desvio-padrão) e com que
frequência elas irão diferir em mais de 0,3° C.^3
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