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Banco Central do Brasil

Revista Época/Nacional - Noticias
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Davos

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Autor: Vivian Oswald, de Londres


Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS)
decretou no dia 11 de março do ano passado que o
mundo estava diante de uma pandemia, não havia
qualquer perspectiva de vacina no horizonte.
Imunizantes custam caro, exigem tempo. Entre as fases
de pesquisa, teste e produção, é possível que se leve
uma década até que essas substâncias saiam dos
laboratórios e cheguem à população. Algumas jamais
vingam, como se viu no caso do HIV. Com o novo
coronavírus, a história foi diferente. O que parecia o
maior obstáculo para conter o avanço da doença foi
superado em alguns meses. Centenas de milhões de
doses de vacinas já aprovadas por autoridades
sanitárias foram aplicadas em dezenas de países. Mais
de 250 antígenos estão em fase de teste. Uma luz no
fim do túnel, comemoram cientistas e governos. No
entanto, para que a economia global volte a funcionar a
pleno vapor e os cidadãos tenham uma vida
minimamente próxima da normalidade, os pequenos
frascos desenvolvidos em tempo recorde precisam
chegar a todos o mais rápido possível. E esse detalhe
— até recentemente negligenciado — talvez seja o
maior desafio logístico já visto na história.


A disputa por bilhões de doses de vacinas contra a
Covid-19 mobiliza uma infraestrutura internacional que
nunca foi testada simultaneamente em tantos lugares —
muito menos envolvendo cadeias produtivas inteiras
espalhadas pelo mundo. Dos tubos de ensaio dos
laboratórios aos braços que receberão os imunizantes,
a distância só pode ser calculada em quantidades
hiperbólicas medidas com o vaivém de aviões, navios e
caminhões; a disponibilidade de freezers, equipamentos
de saúde e pessoal; a capacidade de redes de dados e
de comunicação. Fabricantes avisam que produzirão
antígenos em quantidades suficientes para mais de um
terço da população mundial (de 7,8 bilhões de pessoas)
até o final deste ano. A maior parte das entregas,
contudo, vai se concentrar a partir do segundo
semestre, o que deve complicar ainda mais a questão
logística.

Não há um número mágico consolidado que seja capaz
de mensurar o tamanho do desafio pela frente. O fato é
que nem os fabricantes têm total controle sobre esse
processo, ainda mais diante de uma escala dessa
natureza. Alegando razões de sigilo comercial e
contratual, muitos não revelam os vários elos de suas
cadeias de fornecedores mundo afora. O que se sabe é
que uma única falha no meio do caminho pode custar
vidas. Mas elas acontecem, e os atrasos já começaram.
Não por acaso, a União Europeia (UE) está em pé de
guerra com a companhia anglo-sueca AstraZeneca, de
quem comprou dezenas de milhões de vacinas
desenvolvidas pela Universidade de Oxford, que ainda
não foram entregues na totalidade. No Brasil, o Instituto
Butantan, em São Paulo, que fabricará a CoronaVac em
território nacional, em parceria com a chinesa Sinovac,
só recebeu na semana passada o primeiro
carregamento do ingrediente farmacêutico ativo (IFA)
“made in China”, parte fundamental para a produção
local. Também sai do país asiático o IFA usado na
vacina de Oxford feita em parceria com a Fiocruz. Sem
ele, é impossível produzir vacinas. Ou seja, os gargalos
começam muito antes de os vidrinhos estarem selados
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