Banco Central do Brasil
Revista Época/Nacional - Noticias
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Davos
relacionados a vacinas. Segundo ele, a resposta ao
desafio está no planejamento. E a empresa, que é
parceira da americana Moderna, cujo imunizante acaba
de ser aprovado para uso no Reino Unido, está mais do
que preparada para a logística de transporte dos mais
variados tipos de imunizantes mundo afora, como já faz
há algumas décadas. “Trabalho com isso há anos. É
engraçado porque só agora as pessoas querem saber o
que eu faço”, disse a ÉPOCA. A empresa alemã
desenvolveu caminhões refrigerados que fazem as
vezes de depósitos remotos de vacinas onde os países
não têm geladeiras capazes de manter as temperaturas
necessárias para o armazenamento dos diversos
antígenos. A Alemanha está usando. Países da África
também. As vacinas da Pfizer e da Moderna exigem
temperaturas baixíssimas, de até -70 graus Célsius,
enquanto as outras toleram o ambiente de geladeiras
comuns. “Eles se parecem com grandes contêineres.
Podemos levá-los para qualquer lugar e configurá-los de
acordo com o tipo de vacina”, disse Coyle. A solução,
de todo modo, será mais eficiente para quem se
antecipar. São necessárias de seis a 12 semanas para
que os caminhões estejam prontos para a entrega.
Coyle defendeu que os carregamentos das vacinas em
si vão movimentar apenas um pequeno percentual da
logística aérea. Cada pálete usado no transporte,
destacou, comporta de 100 a 200 mil doses, a depender
do fabricante do antígeno. Para se ter uma ideia de
quantidades, Coyle calculou que a logística das vacinas
para o Brasil envolveria o carregamento de 3.130
páletes, ou 160 caminhões, ao longo de 12 a 18 meses.
Os números levam em conta a aquisição de 360
milhões de doses para a imunização de 157 milhões de
pessoas, ou cerca de 70% da população, o que
especialistas acreditam ser o mínimo necessário para
se obter a chamada imunidade de rebanho (capaz de
interromper a proliferação do vírus). O executivo ainda
levou em conta uma taxa de 20% de desperdício dos
suprimentos.
Mas não basta resolver o gargalo dos imunizantes. A
longa fila de espera que se forma para o segundo
semestre deste ano inclui também uma lista de itens
necessários para aplicá-los. “Isso envolve as caixas
refrigeradas portáteis, seringas, agulhas, luvas, uma
imensa cadeia de fornecedores”, admitiu Stanley
Bergman, CEO e presidente do conselho de
administração da Henry Schein. As seringas, de cuja
escassez o Brasil se deu conta nos últimos meses, são
outra questão fundamental. “Os países sabiam que iam
precisar lá atrás, por que não encomendaram antes?”,
perguntou Yadav, do CGD. Quanto mais tempo levarem
para comprá-las, mais caras ficarão. Não apenas por
causa da velha lei da oferta e da procura, mas também
pela questão logística. “Seringas são muito baratas.
Custam US$ 0,02, ou menos, cada uma. Não costumam
ser transportadas de avião, porque só o custo do voo
sai mais caro do que o carregamento. Só que essa terá
de ser a alternativa para quem tem pressa”, avaliou o
especialista. Yadav lembrou ainda que existem cinco
grandes produtores de seringas no mundo: Alemanha,
China, Egito, Estados Unidos e Índia.
No começo desta crise, no ano passado, alguns países
não tiveram acesso aos equipamentos de saúde,
sobretudo os mais pobres. “Tenho medo de que
estejamos caminhando na mesma direção. A
capacidade logística varia de acordo com o dinheiro. E
quem não tem ficará para trás”, disse Stanley Bergman.
Para a diretora executiva da Unicef, Henrietta Fore, os
maiores gargalos serão identificados nos países em
desenvolvimento. A dificuldade é fazer o tal do
“quilômetro extra”, o percurso mais curto, porém mais
complicado das vacinas, de portos e aeroportos até o
cidadão comum. “Será que eles estão preparados? É
muito difícil estar preparado como nação. Vemos pelo
exemplo dos países desenvolvidos”, disse ela. Só a
Unicef, que anualmente é responsável pela compra de 2
bilhões de doses de vacinas contra doenças infantis,
distribuídas em 100 países, vai comprar 2 bilhões
adicionais só do antígeno contra a Covid para distribuir
em 190 nações. “Precisaremos de muitos parceiros”,
disse Fore.