Newsletter Banco Central (2021-02-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Época Negócios/Nacional - Entrevista
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - B3

negócio e mentoria do alto escalão.


NEGÓCIOS Como traduzir a vontade de aumentar a
diversidade em ações práticas no dia a dia da
companhia?


WERNECK É preciso ter propósito, planos
absolutamente claros e aprender com o líder como as
coisas funcionam. Na Fundação Dom Cabral, dentro do
programa CEO’s Legacy, eu lidero uma iniciativa
chamada “Impacto — CEOs pela Diversidade e
Inclusão”, que tem a proposta de mobilizar e engajar
outras lideranças. E um grande fórum de troca, no qual
eu aprendo muito e compartilho informações.
Descobrimos, por exemplo, que as empresas que nos
ajudavam no processo de seleção não traziam
candidatos negros porque achavam que a Gerdau não
iria aceitá-los. Com isso, tivemos de buscar consultorias
de recrutamento mais capacitadas para lidar com essa
questão. Mas, antes de tudo, tivemos de mudar a
mentalidade dentro da empresa, procurando mostrar
que qualquer atividade na Gerdau pode ser executada
por qualquer pessoa, independentemente de raça ou
gênero. Em relação às mulheres, promovemos
situações em que muitas passaram a operar máquinas
industriais, como empilhadeiras, e o número de
acidentes caiu. Ou seja: o cuidado delas nos favorece
na questão da segurança. Temos investido em
programas de formação industrial e de entrada na
empresa, os antigos trainees, para ajudar nessa
transformação.


NEGÓCIOS A Gerdau se tornou, neste ano, a única
empresa em materiais básicos/siderurgia e metalurgia
da B3 a entrar no índice de Carbono Eficiente [ICO2] da
Bovespa. O que a companhia está fazendo para tornar
a sua operação mais limpa?


WERNECK No setor de siderurgia, o nosso maior
desafio é a questão ambiental — temos de reduzir a
emissão de gases de efeito estufa. Cerca de 70% da


produção da Gerdau vem da rota da sucata, chamada
de forno elétrico, e isso nos torna a maior recicladora da
América Latina. Nesse tipo de rota, a emissão de gases
de efeito estufa é muito menor do que numa rota
integrada de usina de minério de ferro. Por meio da
World Steel Association [WSA], o setor busca
transformar o processo produtivo para reduzir a emissão
de gases de efeito estufa com novas tecnologias —
especialmente as relacionadas ao hidrogênio [o
hidrogênio começou a ser testado como fonte de
energia limpa em siderurgia em um projeto piloto na
Suécia em 2020]. A Gerdau tem avançado nessa
questão. Em dezembro, recebemos do CDP [ex-Carbon
Disclosure Project] uma nota acima da média da
América do Sul e do setor de metais e metalurgia.

NEGÓCIOS O setor é grande consumidor de energia.
Como a Gerdau avança nessa frente?

WERNECK Temos procurado uma matriz energética
cada vez mais limpa. Na nossa usina de Midlothian, no
Texas, fizemos um grande investimento em uma
fazenda de energia solar no ano passado. No futuro,
parte dos nossos investimentos estará alocada no
consumo de energia a partir de fontes mais limpas. No
segundo semestre deste ano, vamos publicar metas de
redução de emissão.

NEGÓCIOS Existem diferentes abordagens de inovação
nas grandes empresas — há quem faça isso a partir dos
problemas do dia a dia, quem adote a visão de uma
estreante tentando invadir o setor... Qual é a filosofia de
inovação da Gerdau atualmente?

WERNECK Existe a inovação em produtos e em
processos. Em produtos, a inovação sempre existiu,
como quando colocamos no mercado, alguns anos
atrás, produtos prontos de aço para a construção civil.
Até então, a construtora comprava o vergalhão e
precisava cortar, dobrar, manusear, o que gerava uma
perda absurda de produtividade. Também para atender
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