ARTIGO - Bolsonaro não está livre do impeachment
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Revista Isto é/Nacional - Artigos
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: Marco Antônio Villa
O Brasil vive uma situação curiosa. Temos um
presidente da República que, no exercício do cargo,
mais crimes de responsabilidade cometeu. Contudo, até
o momento, é considerado inadequado iniciar um amplo
movimento em defesa do impeachment de Jair
Bolsonaro. Supostamente não haveria condições
políticas. Curiosamente, segundo esta leitura, o que
importa não é o crime, mas a dificuldade de puni-lo
porque poderia levar a uma turbulência política. Melhor
seria ignorar, fingir que nada ocorreu. Um terceiro
impeachment em menos de trinta anos de vigência da
atual Constituição abalaria a República, como afirmou o
presidente do STF Luiz Fux. É uma curiosa
interpretação da Carta de 1988. Neste caso o problema
seria a punição — o impeachment — e não os inúmeros
crimes de responsabilidade. Tal afirmação poderia fazer
parte, com destaque devido, no “Festival de Besteira
que Assola o País”, o Febeapá, do grande Sérgio Porto.
As pesquisas de avaliação da popularidade de
Bolsonaro têm apresentado queda constante — já é
uma tendência — da avaliação positiva. Por outro lado,
a avaliação negativa não para de crescer e supera
largamente os que consideram o governo ótimo ou bom.
Nada indica que deve mudar neste trimestre. A relativa
melhora nos índices estava diretamente vinculada ao
auxílio emergencial. Seiscentos reais para uma família
— sinal da incrível desigualdade de renda existente no
Brasil — causou uma verdadeira revolução. Houve até
uma inflação no preço dos alimentos. Foi o “efeito
Marcela”, como a célebre personagem machadiana do
“Memórias Póstumas de Brás Cubas.”
Escreveu o falecido: “Marcela amou-me durante quinze
meses e onze contos de réis.” Foi o que ocorreu com
Bolsonaro. Se associar o fim do auxílio emergencial
com a permanência da pandemia não há governo que
mantenha apoio popular. Isto sem falar da recessão de
2020, da maior taxa desemprego da história e de uma
recuperação econômica muito tímida a partir do
segundo semestre.
A derrota nas eleições municipais demonstrou que