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ARTIGO - A quarta-feira de cinzas que começou um ano antes


Banco Central do Brasil

Revista Isto É Dinheiro/Nacional - Artigo
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Celso Masson


“Acabou o nosso carnaval/ Ninguém ouve cantar
canções/ Ninguém mais passa brincando feliz/ E nos
corações/ Saudades e cinzas foi o que restou”. Assim


começa a Marcha da Quarta-feira de Cinzas, de Carlos
Lyra e Vinícius de Moraes. Pelo calendário oficial, ela
cai no dia 17. Mas começou um ano antes. Foi em 26
de fevereiro de 2020, precisamente a quarta-feira após
o canaval, que o ministério da Saúde confirmou o
primeiro caso de Covid-19 no Brasil. Duas semanas
depois, em 11 de março, a Organização Mundial de
Saúde declarou pandemia. Passado um ano de
isolamento social, com as mais variadas medidas de
restrição ao turismo, ao entretenimento e às
aglomerações, o mundo ainda não poderá cair na folia.
A vacinação, iniciada por aqui em 17 de janeiro, está
longe de atingir o número suficiente de pessoas para
que todos fiquem protegidos do vírus.

No melhor dos cenários, isso ocorrerá em setembro,
como planeja a empresária Luiza Trajano, que está
mobilizando o setor privado para encampar a compra de
imunizantes, ou até o final do ano, na previsão do
governador de São Paulo, João Doria. Sem vacina, sem
carnaval.

A festa popular regada a música, suor e cerveja que
virou sinônimo da alegria e descontração do brasileiro
no imaginário coletivo global é bem mais que uma
tradição enraizada em todo o País. Trata-se de uma
atividade econômica de faturamento concentrado e alto
impacto na renda de uma longa cadeia de
trabalhadores, formais e informais. Segundo cálculos da
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo (CNC) com base no carnaval de 2020,
apenas os quatro dias do reinado de Momo injetariam
R$ 8,1 bilhões na economia, gerando 25 mil empregos
temporários. A prefeitura de São Paulo estimou em R$
2,6 bilhões o valor movimentado pelo carnaval de 2020
na cidade, que teve 678 desfiles de blocos de rua entre
os dias 15 de fevereiro e 1º de março. No Rio de
Janeiro, o movimento foi ainda maior: R$ 4 bilhões, com
98% da rede hoteleira ocupada, sem contar os aluguéis
do tipo Airbnb.
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