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de custos face aos processos que costumam ser utilizados na
atualidade.
«Este tipo de análise de qualidade costuma ser feito por téc-
nicos que se deslocam ao local, durante campanhas de recolha
de amostras que podem durar uma ou duas semanas. Com a
Undersee Water é possível enviar dados em permanência»,
acrescenta Tiago Cristóvão.
Os responsáveis pela Matereo recordam que esta caixa de
sensores está preparada para funcionar numa lógica de “liga e
desliga” que facilita a instalação tanto em embarcações como
em postos fixos. No caso de ser instalada em embarcações, a
localização será apurada através de GPS. As redes móveis são
a via de comunicação privilegiada, mas os responsáveis pela
startup beirã recorda que a solução também deverá estar pre-
parada para comunicar com a constelação de satélites Iridium,
quando não há cobertura.
«Tipicamente, deixa de haver
cobertura de redes móveis quan-
do se está a mais de três milhas da
costa (5,55 quilómetros)», refere
Jorge Vieira, líder da Matereo.
Entre os potenciais destina-
tários da caixa desenhada pela
Matereo, destacam-se as empre-
sas de aquacultura. Um mercado
que tem os cifrões suficientes para
confirmar que se justifica o uso
de uma ferramenta de monito-
rização que pretende ser permanente e precisa: «Somando
UE e Noruega, o mercado da aquacultura vale cerca de nove
mil milhões de euros, mas perde todos os anos cerca de mil
milhões de euros devido a doenças, vírus, infestações de algas
ou fugas de peixes», começa por dizer Tiago Cristóvão para
recordar, depois que, além de alertas e históricos de registos, a
plataforma que está a ser desenvolvida para operar na Internet
deverá evoluir «para no futuro, poder disponibilizar previsões
que permitem que os gestores das unidades de aquacultura
atuem antes de os peixes ficarem infetados».
ROBÔ DAS PROFUNDEZAS
É nas profundezas que o pequeno submarino montado pela
Matereo pretende distinguir-se dos demais: o dispositivo
robótico foi desenhado para operar na classe dos Veículos
A ÁGUA DENTRO DA CAIXA
A Undersee Water foi desenhada para incorporar um circuito de
sensores que permite apurar várias características da água, a partir
de amostras de 200 mililitros (um copo de água). As análises, que
podem ser feitas de cinco em cinco minutos, são enviadas através de
redes móveis ou comunicações com satélites Iridium para repositórios
alojados na Net. Através deste sistema, torna-se possível ter
monitorizações em permanência, envio de alertas e previsões quanto a
ameaças para a flora ou a fauna marinhas. A caixa pesa oito quilos e está
equipada com tubos que extraem amostras de água. A comercialização
vai ser feita sob a lógica da prestação de serviços. O desenvolvimento
da Undersee Water foi apoiado pelo programa ESA BIC.
Operados Remotamente (ROV) como um “batedor” aquático
que pode ir onde os humanos nem sempre conseguem chegar.
O veículo foi montado com componentes da Blue Robotics, mas
beneficiou de adaptações que prometem dotá-lo de capacida-
de para se tornar num agregado de sensores em movimento.
Foram incorporadas baterias para garantir uma autonomia de
oito horas de funcionamento e, nos próximos tempos, prevê-se
um aperfeiçoamento do sistema de iluminação e a inclusão de
câmaras multiespectrais.
Depois de um primeiro teste que permitiu chegar a 35 metros
de profundidade, os responsáveis pela Matereo já definiram
uma segunda vaga de testes que tem como objetivo apurar o
comportamento do veículo e respetivos sensores a cerca de 50
metros de profundidade.
O pequeno ROV também segue o princípio da recolha de
amostras de água para análise num circuito de sensores, mas
encaminha os dados para Terra através de um cabo que também
serve para o envio de comandos executados durante as dife-
rentes manobras. «Vamos começar a operar nas inspeções de
infraestruturas submersas, mas queremos que este submarino
possa evoluir também para a monitorização da qualidade da
água», conclui Jorge Vieira.
ONDE ESTÃO OS MICROPLÁSTICOS?
A Matereo deverá estrear-se com um submarino
robotizado no verão, no âmbito do projeto Microplastox.
O projeto que pretende analisar a existência de
microplásticos na costa Portuguesa exige a instalação
de uma rede que deverá recolher amostras e detritos
em percursos efetuados entre Aveiro e Figueira da Foz.
O projeto vai ser levado a cabo por investigadores da
Universidade de Aveiro e do Centro Interdisciplinar de
Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e conta com o
apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
O submarino robótico
da Matereo também pode
ser usado em missões de
inspeção de infraestruturas
subaquáticas