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POR ESSE
MUNDO FORA...
N
IA prevê quais os
pacientes que precisarão
de ventiladores
O sistema criado em
Copenhaga analisa raios-X,
testes e historiais clínicos
de pessoas que já foram
tratadas para encontrar dados
em comum. Depois recolhe
as mesmas informações
para pacientes que foram
recentemente hospitalizados.
Todos os dados são fornecidos
a um supercomputador que faz
os cálculos sobre quando um
novo doente deverá precisar
da ajuda de um ventilador.
Escolas trocam
Zoom por Teams
Os responsáveis pelos
estabelecimentos de ensino
em Nova Iorque proibiram
professores de usar a
plataforma Zoom para dar
aulas remotamente devido às
várias falhas de segurança que
vieram a público. A alternativa
recomendada passou a ser a
Teams da Microsoft.
Soutien inteligente quer
detetar cancro da mama
Estudantes da Escola
Politécnica de Lausanne
desenvolveram um soutien
inteligente, denominado
SmartBra, para ajudar a
detetar o cancro da mama
em fases iniciais. Enquanto
as mamografias recorrem a
raios-X, este wearable recorre
a ultrassons, que são gerados
por sensores piezoelétricos
embutidos na peça de roupa.
ão há forma de evitar o tema da Pandemia – as minhas desculpas
por estar, pelo terceiro mês consecutivo, a tratar o mesmo as-
sunto. Depois de ter considerado que este momento deve acordar
a Europa para a necessidade de se industrializar e de ter ficado
agradado com o trabalho dos operadores de telecomunicações em
Portugal... é tempo de constatar o péssimo trabalho feito no setor da Educação.
É muito fácil começar pela escola pública. Ainda todos recordamos o Magalhães,
a subsidiação de portáteis e a oferta de acessos à Internet a milhares de alunos.
Passaram 14 anos e muitos dos que estão hoje no mercado de trabalho recordam
o computador que receberam na altura e que os estimulou para o caminho que
trilharam. Para esses, a iniciativa terá sido o tal trovão que anuncia a tempes-
tade – boa, neste caso. Para os outros (a maioria, provavelmente), o E-Escolas
é apenas uma recordação da entrada na adolescência. Foram precisos todos
estes anos para percebermos que esse grande desígnio não mudou o sistema de
ensino. A prova final foi-nos servida de bandeja pela pandemia. A letargia do
Ministério de Educação perante este grande condicionamento materializou-se
na pouca preparação dos professores para usar ferramentas de comunicação
(não têm os meios ou a formação). Na altura em que escrevo, foi anunciado o
regresso da telescola numa tentativa de democratizar o acesso ao ensino remo-
to – finalmente alguém acordou para a realidade de muitos miúdos não terem
acesso a computador ou a um acesso à Internet. Voltámos à estaca zero. Espero
que quem decide perceba que o abraço da escola se estende além dos muros e
dos portões dos edifícios. Não me refiro apenas ao ensino público. No privado,
há centenas de professores primários e de educadores que, de repente, têm de
dominar ferramentas digitais para as quais nunca tiveram formação – E é bem
possível que a maioria tenha de usar os equipamentos próprios para poder dar
aulas às crianças. Na educação digital, o país vai nu. Sem dúvida.
A minha outra crítica este mês vai para a carta enviada ao Presidente da
República por parte de uma série de empresários e organizações. Na missiva,
os autores pedem a aceleração do regresso à normalidade. Sendo que, para
isso, teriam de ser cumpridas alguns procedimentos. Tudo me pareceu bem
até ler esta sugestão: "para cada caso positivo, e sob a supervisão da comissão
de proteção de dados, solicitação, pelas autoridades de saúde aos operadores
de redes móveis, da lista dos cidadãos que terão sido potencialmente expostos
a risco de contágio, nos 14 dias anteriores à realização do teste entretanto con-
firmado positivo". Meus caros, reconheço que caminhamos a passos largos para
um maior controlo da população por parte de algumas empresas privadas e por
parte do Estado (veja-se o que a China fez durante a pandemia). No entanto,
acredito que este caminho é sinuoso e devemos percorrê-lo com todo o cuidado
e tendo sempre os direitos, deveres e garantias gravados na Constituição como
farol. Imaginem uma rede onde um ponto é multiplicado por dezenas e assim
sucessivamente. Um qualquer modelo matemático deverá comprovar que não
será preciso muito tempo para cobrir grande parte da população portuguesa –
onde estivemos, com quem... o que fizemos. Não queiram acelerar este controlo,
mesmo tendo em conta o desafio económico que temos pela frente.
A FALTA DE
EDUCAÇÃO DIGITAL
PEDRO MIGUEL OLIVEIRA | DIRETOR DE PARCERIAS E NOVOS NEGÓCIOS
RUÍDO NA REDE