(20200500-PT) Exame Informática

(NONE2021) #1
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vez foi, empreendedores e nomes gran-
des das tecnologias acentuaram a dupla
faceta viral da Covid-19 – tirando par-
tido do facto de a maioria da população
mundial se encontrar já conectada. O
que, por sua vez, poderá ter aberto ca-
minho a algumas das denominadas fake
news, mas também funcionou como um
potencial barómetro de hábitos, receios,
comportamentos, moral da população
ou mobilização de voluntários – que ga-
nham assim um escape ao confinamento
social aplicado em grande parte dos cinco
continentes.


É precisamente na forma de tratar a in-
formação que se descortinam duas abor-
dagens diferentes no que toca ao rastreio
e profilaxia da Covid-19: em alguns países
asiáticos, as autoridades recorreram aos
dados de redes móveis e até pulseiras com
comunicação por satélite para conhecer
percursos de infetados e divulgá-los à
população, a fim de levar potenciais con-
tagiados a fazerem os testes. Na Europa,
apesar de algumas iniciativas promovidas
até pela UE, os governos não abdicaram
dos princípios que norteiam o tratamento
de dados pessoais (o governo português

diz não pretender usar informação das
redes móveis, e a questão legal terá con-
tribuído, seguramente, para essa decisão).
Esta é sem dúvida a primeira ciber-
pandemia da história. Ninguém poderá
garantir que o episódio não se repete –
mas numa próxima vez, já haverá ferra-
mentas e empresas que terão experiência
a lidar com este tipo de ameaças. Em
contrapartida, fica aberto um precedente
para a criação de sociedade vigilante –
que, à boleia da profilaxia, poderá lesar
direitos individuais, mesmo quando já
não houver pandemia.

SINGAPURA
A comissão de proteção de
dados local autorizou a recolha
de informação pessoal sem
consentimento dos cidadãos.
Foi assim que foram criados
mapas de contágio. Além
de um teste que apura a
imunidade ao vírus, também foi
desenvolvido um kit de testes
de contágio, que funciona
num denominado lab-on-chip.
Nos hospitais, foram usados
robôs para distribuir comida e
medicamentos aos doentes

BAHREIN
O programa de rastreio teve por
base braceletes com comunicações
por satélite para pessoas infetadas,
com o objetivo de garantir que o
isolamento é cumprido. Os doentes
podem ser convidados a enviar fotos
dos locais em que se encontram


COREIA DO SUL
Apesar de bastante exposta à vizinha China,
onde o surto se iniciou, é o país apontado
como a referência no que toca eficácia
do rastreio e prevenção da Covid-19:
Além de um kit de testes criado em tempo
recorde com ajuda de Inteligência Artificial,
as autoridades compilaram informação
de redes móveis, cartões de crédito,
videovigilância e companhias aéreas para
conhecer percursos de cidadãos. Cada
recém-chegado foi instado a descarregar
uma app de autodiagnóstico. A informação
foi disponibilizada em forma de mapa
detalhado, em paralelo com apps que
lançam alertas quando o utilizador passa
num local de potencial contágio. Os doentes
foram separados em quatro categorias,
e encaminhados automaticamente para
diferentes hospitais consoante a gravidade.
Nos hospitais, foram montadas cabines de
consulta, que separam o médico e doente por
uma tela de plástico, com um comunicador
e duas luvas incorporadas para os médicos
poderem fazer a recolha de amostras para
análises sem tocarem nos doentes

CHINA
Com o epicentro do
vírus centrado em
Wuhan, as autoridades
chinesas deitaram
mãos à florescente
indústria tecnológica
para criarem robôs que
disponibilizam comida
e desinfetam hospitais
com ultravioletas e
carros autónomos para o
transporte de médicos e
enfermeiros. Algoritmos
passaram a ajudar médicos
na análise de tomografias
computorizadas. Além
do uso de drones nas
monitorização do
confinamento social,
também foi usada uma
app que permite introduzir
um número de telefone e
apurar as estimativas de
ter estado em contacto
com infetados. A expansão
do vírus foi ainda estimada
através de Inteligência
Artificial
VIETNAME
Todos os visitantes
e turistas passaram
a ter as localizações
monitorizadas através
das redes móveis
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