75
nota final
/ JOGOS
P
ALTOS
E BAIXOS
+
+
4,5
PC,
Xbox One (testado)
oucos estúdios independentes têm a
história de sucesso que a Moon Studios
teve. Quando, em 2015, lançou o jogo
Ori and the Blind Forest, poucos arris-
cariam dizer que este tornar-se-ia num dos jogos
mais icónicos da Xbox One e numa das melhores
propriedades intelectuais dos últimos anos. Cinco
anos passaram e a sequela, Ori and the Will of the
Wisps (WotW), volta a provar que não são precisos
gráficos fotorrealistas ou uma componente online
para criar um jogo envolvente e vician-
te. Neste novo capítulo, a missão de Ori,
uma espécie de guardião da luz, é res-
gatar uma nova personagem, a coruja
Kun, que ficou perdida numa floresta
dominada por forças do mal. Dito as-
sim, pode parecer que é um jogo muito
infantil – o bem e o mal, um espírito e
animais da floresta... –, mas acredite que vai precisar
de destreza e boa coordenação de movimentos para
superar inimigos e quebra-cabeças. Em Ori WotW
é preservado o que de melhor foi feito no primeiro
capítulo. A arte continua a ser de excelência, apos-
tando num aspeto e design muito característicos,
que dão ao jogo uma personalidade única. O forte
contraste entre cores vibrantes e sombras criam
um título que é, ao mesmo tempo, misterioso e
colorido, mas sem nunca pender demasiado para
um dos lados. Em termos de estilo de jogo, conti-
nuamos a ter um título de plataformas, mas que
agora tem um maior toque de ‘hack and slash’.
Muito cedo no jogo começamos a desbloquear armas
e habilidades, que podem depois ser melhoradas.
Ou seja, Ori WofW tem muito mais ação, mas sem
tornar um jogo caracterizado pelo lado ‘zen’ num
título de ‘porrada’. Nesta sequela temos ainda mais
habilidades e itens para colecionar, o que ajuda a
dar maior longevidade, já que somos impelidos a
percorrer cada uma das muitas escapatórias que
os níveis inteligentemente rendilhados colocam à
nossa disposição. E sim, vai encontrar
os típicos ‘bosses’ duros de roer tão ca-
racterísticos dos jogos de plataformas.
Apesar de adicionar ginga ao jogo, o
sistema de combate torna-se ele próprio
num problema. Muitas vezes ficamos
‘presos’ ao adversário e por muito que
nos tentemos livrar dele, a forma como
a física do jogo foi desenhada faz com que seja uma
missão impossível. E apesar de o jogo ter recebido
uma atualização de software ‘day one’ para corrigir
sérios problemas de performance, a verdade é que
em momentos pontuais continuamos a sentir uma
quebra no número de frames. Ainda assim, nada
que seja dramático o suficiente para impedir que
este jogo receba o selo de Recomendado. Se tiver a
oportunidade de o comprar – e o preço nem sequer
está ao nível do que é habitual em lançamentos de
grande perfil –, faça-o e perca-se na floresta en-
cantada de Ori e seus amigos. Rui da Rocha Ferreira
FLORESTA ENCANTADA
Fazem falta mais jogos como este: pela beleza visual e sonora, pela forma
inteligente como os níveis estão desenhados e por ter sabido evoluir
Um mundo
para mais tarde
recordar: pacífico
e tenebroso
Pormenor que faz
diferença: o jogo
está traduzido
em português
"Defina as
lutas em duas
palavras":
engalfinhadas
e engadelhadas
O jogo vai
precisar de mais
uma atualização
de estabilização
ORI AND THE WILL OF THE WISPS €29,99