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que também podem revelar-se úteis para
a miniaturização: “Também vamos tra-
balhar no processamento do sinal, para
garantir a mesma capacidade de pro-
cessamento, mas com menos antenas”,
explica Tiago Varum, investigador do IT.
As futuras constelações de satélites,
que têm como principais rostos Elon
Musk, que lidera a SpaceX, e Jeff Be-
zos, que lidera a Amazon, deverão ope-
rar em órbitas entre os 1000 e os 1200
quilómetros de altitude, com bandas de
frequências que variam entre 17,8 GHz
e 20 GHz para a receção de sinal e 27,5
GHz e 30 GHz para a emissão. A lógica
de negócio é fácil de descortinar: ao lan-
çarem centenas de pequenos satélites,
estas constelações poderão assegurar
uma cobertura continental ou global,
com menos infraestruturas terrestres
que as redes de cabos.
Zonas remotas, áreas que ainda não
têm cobertura, locais de muito relevo, ou
profissionais e empresas em itinerância
permanente são outros segmentos com
necessidades específicas que poderão
juntar-se à carteira de potenciais clientes
destas constelações.
As notícias mais recentes têm dado a
conhecer atrasos e até um caso de falên-
cia – e possivelmente só no final de 2020
se deverá começar a assistir aos primeiros
lançamentos comerciais consolidados
destes operadores de satélite globais. As
informações nem sempre auspiciosas
não chegam para travar o projeto STRX
- até porque há outras oportunidades
A PENSAR
EM 2022
O projeto STRX arrancou em maio
de 2019 envolvendo investigadores
da Sinuta, do IT e do INESC TEC. O
projeto, que contou com investimentos
europeus, deverá ficar concluído
em 2022. O objetivo do projeto
passa pelo desenvolvimento de um
primeiro protótipo que poderá ter a
configuração de um quadrado com 10
a 15 centímetros de aresta, com 16
antenas de transmissão e 16 antenas
de receção. A ideia é escalar este
protótipo a fim de garantir que poderá
ter um milhar de antenas com 50
centímetros de aresta. Com o recurso
a técnicas de inserção de antenas
em circuitos integrados ou através
do aumento de potência a transmitir
por cada antena será possível reduzir
as dimensões de protótipos futuros.
No projeto participaram ainda os
seguintes alunos de doutoramento:
Amélia Ramos, Bernardo Lopes
e Raul Marques.
AS CONSTELAÇÕES
STARLINK
É a marca promovida pela SpaceX e tem
em vista lançar cerca de 1400 satélites de
baixa órbita entre 2021 e 2022 (atualmente
tem cerca de 400 satélites de 227 a
260 quilos em órbita). A estreia comercial
esteve agendada para o final de 2020
AMAZON
Através da marca Kuiper Systems,
a Amazon conta vir a lançar
mais de 3000 satélites
de baixas órbitas para fornecer
acessos à Internet a 95%
da população
ONEWEB
Depois ter lançado 74 de um total
de 648 satélites que constituem
a constelação inicial, declarou
falência. Atualmente, encontra-se
em reestruturação e procura
novos donos
de negócio que poderão surgir nos pró-
ximos anos.
“Se tivermos em conta as frequências
que vão ser usadas, admito que esta so-
lução possa vir a beneficiar de adapta-
ções para permitir comunicações com as
redes da quinta geração de telemóveis”,
diz Ricardo Correia.
Tiago Varum dá mais alguns detalhes
sobre os projetos mais futuristas. E nem
o desfasamento entre voz e imagem da
plataforma de videoconferência chegam
para ensombrar as perspetivas de negó-
cio: “O objetivo também pode passar
pelos telemóveis. Se houver tecnologia
que permita alcançar um ganho sufi-
ciente para enviar sinais para os satélites
e os satélites conseguirem enviar sinais
cá para baixo, o futuro poderá passar por
aí”, conclui o investigador do IT.
João Matos e Tiago Varum, investigadores do IT que participaram
no desenvolvimento do STRX. Depois dos satélites, o projeto poderá evoluir
para o desenvolvimento de tecnologias usadas nos telemóveis, recordam os investigadores
Alguns dos componentes do protótipo:
o frontend de transmissão, um quadrado
com antenas de transmissão à esquerda;
um frontend de receção à direita,
e o filtro da banda de transmissão em baixo