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POR ESSE
MUNDO FORA...
Paga, Google!
A entidade protetora dos dados
na Bélgica considera que
a Google falhou em cumprir
a remoção de links pedida por
um cidadão famoso (o nome não
foi divulgado) ao abrigo do
‘Direito ao Esquecimento’ e multou
a empresa em 600 mil euros.
A tecnológica recorreu da decisão.
Huawei de saída até 2027
O governo do Reino Unido reviu
a sua posição e afirma agora que
não quer que a Huawei esteja
presente nas suas estruturas de
rede 5G. Assim, os operadores
de telecomunicações não devem
comprar equipamentos da marca
chinesa para esta tecnologia após
31 de dezembro deste ano. O país
quer remover a Huawei da sua
estrutura de 5G até 2027.
Energia renovável made
in Portugal a caminho
da antiga Suazilândia
A SolarWood é a tecnologia
desenvolvida pela Innovakeme,
uma start-up madeirense, e que
está a caminho de um hospital
em Essuatíni, a antiga Suazilândia.
O Good Shepherd Mission Hospital
vai receber uma nova forma de
produzir calor e eletricidade, com
recurso a biomassa e a energia
solar. A solução tem uma vida útil
estimada de, pelo menos, 25 anos.
H
ouve um tempo em que a Facebook não tinha um modelo de ne-
gócio. É fácil perceber: Mark Zuckerberg criou, sem perceber ou
antever, um rastilho social que ateou países a um ritmo inacredi-
tável. É certo que o número de pessoas que conquistou valorizou
em milhares de milhões a rede. No entanto, o Facebook ainda era “só” um
canal para ligar pessoas. Faltava descobrir como é que se poderia servir
publicidade em cima deste amplificador e que tipo de serviços poderiam ser
criados neste ecossistema. Programador por desígnio, o miúdo Zuckerberg
encantava-se mais com as linhas de código que ia desenhando do que com
essa coisa “chata” do modelo de negócio. As empresas de tecnologia são,
basicamente, como qualquer outra organização que tem de apresentar
resultados positivos para continuar de portas abertas. No entanto, são mais
predadoras e não hesitam em comprar tecnologias e empresas rivais.
No caso de Zuckerberg, uma das “aquisições” mais importantes foi a
VP de Vendas Globais e Operações Online da Google, Sheryl Sandberg.
A empresária está desde 2008 na Facebook como COO, faz dupla com o
fundador e são os grandes timoneiros da rede social. Foi com Sandberg que
a empresa se tornou naquele que é hoje o maior aglomerado de pessoas do
mundo. O Facebook tem mais de 2,6 mil milhões de utilizadores ativos
que gastam umas impressionantes 950 milhões horas por dia nesta rede.
Não há nada assim. Mas com o grande poder vêm as grandes responsa-
bilidades e Sandberg não estava preparada para o papel que o Facebook
está a ter no crescimento do autoritarismo no mundo. A executiva ainda
não conseguiu limpar a casa propondo as grandes mudanças que têm de
ser implementadas para que esta rede social deixe de ser uma caixa de
amplificação de ódio e de mentira. E isso é fácil comprovar pela reação
que a Facebook teve ao recente boicote publicitário que foi imposto à
rede por alguns dos maiores anunciantes do mundo - A publicidade é
responsável por 98% das receitas anuais da Facebook – uns “míseros”
70,7 mil milhões de dólares.
A dupla Zuckerberg-Sandberg continua a dizer que a empresa defende
acima de tudo a liberdade de expressão e que vai manter-se fiel a esse
princípio. Isto depois da Twitter ter colocado avisos nos posts de Donald
Trump considerados inflamatórios.
A dupla maravilha parou para pensar perante o inesperado boicote,
mas o seu comportamento é o mesmo seguido aquando do escândalo da
Cambridge Analytica: “Ah e tal... vamos contratar milhares de pessoas
para controlarem o conteúdo e mais inteligência artificial”. Resolveu?
Não. E agora também não vai resolver. Porquê? Porque não sabem como
resolver este problema. O monstro cresceu de tal forma que tem vontade
própria. E os anunciantes podem boicotar quantas vezes quiserem, mas a
verdade, nua e crua, é que não têm canais alternativos ao Facebook ou à
Google, que são os maiores veículos de publicidade do planeta. O poder
final está em nós, utilizadores, que podemos sempre abandonar a rede
de Zuckerberg e assim esvaziá-la deste poder. De que estamos à espera?
O PODER ESTÁ
NAS NOSSAS MÃOS
PEDRO MIGUEL OLIVEIRA | DIRETOR DE PARCERIAS E NOVOS NEGÓCIOS
RUÍDO NA REDE