(20200800-PT) Exame Informática 302

(NONE2021) #1
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O


mundo já está familiarizado
com o conceito de corrida
espacial – a luta protagoni-
zada pelos EUA e pela Rússia
nas décadas de 1960 e 1970, que teve o
seu ponto alto na histórica missão ame-
ricana Apollo 13, em 1969, e que cunhou
os primeiros passos do Homem na Lua,
será para sempre lembrada como um dos
momentos de maior evolução tecnoló-
gica, mas também de tensão política,
da História recente. Agora que se fala
numa nova corrida espacial, o contex-
to é completamente diferente: há mais
países na linha de partida; o setor pri-
vado está mais envolvido do que nunca
e tem sido o principal responsável pelas
grandes revoluções no transporte espa-
cial; e os objetivos por trás de cada um
destes participantes é tão distinto que,
aos poucos, está a nascer uma economia
interplanetária. A conquista do Espaço
nos próximos anos vai fazer-se em vários
capítulos, com diferentes protagonistas
e este é um primeiro guião para perceber
o filme – real, não de ficção científica –
que aí vem.

O REGRESSO À LUA
Apesar de todos os avanços tecnológicos
das últimas décadas, desde 1972 que ne-
nhum Homem voltou a pisar o solo lunar


  • o americano Gene Cernan foi o último a
    fazê-lo. Mas a Lua, pela sua proximidade
    com a Terra, está no roteiro de várias
    missões para os próximos anos, sendo a
    maior de todas o Programa Artemis. Em
    2024, este projeto da Administração Na-
    cional da Aeronáutica e Espaço dos EUA
    (NASA no acrónimo em inglês), em con-
    junto com empresas privadas e parceiros
    de investigação internacionais, deverá
    voltar a colocar humanos – um homem
    e, pela primeira vez, uma mulher – no
    satélite natural. O Programa Artemis é
    constituído por três missões – Artemis
    1, voo não tripulado (2021); Artemis 2,
    voo tripulado (2022); e Artemis 3, missão
    tripulada ao solo lunar (2024) – e por
    uma infraestrutura de quatro partes: o

    • a primeira missão tripulada a Marte.
      Mas a NASA está longe de ser a única
      grande organização que tem a Lua debai-
      xo de olho. No final de 2020, a Adminis-
      tração Espacial Nacional da China deverá
      concretizar a missão lunar Chang’e 5,
      que integra um robô que tem como ob-
      jetivo pousar no satélite e capturar dois
      quilogramas de sedimentos (algo que
      também já não é feito desde 1976, na
      altura pelas mãos da Rússia). A forma
      complexa como a Chang’e 5 está dese-
      nhada – existem quatro equipamentos
      independentes que vão fazer a transfe-
      rência do solo para garantir que chega à
      Terra – é visto pela comunidade cien-
      tífica como um ensaio para uma futura
      missão tripulada da China à Lua. O país
      tem investido forte nos últimos anos na
      exploração espacial, tendo já enviado
      uma sonda ao ‘lado escuro’ da Lua, co-
      locado em órbita mini-estações espaciais
      e estando a preparar uma concorrente
      à Estação Espacial Internacional, que
      deverá receber o primeiro taikonauta
      (astronauta chinês) em 2022.
      A Índia, apesar de não estar tão avan-
      çada nesta área como os EUA e a China,
      também está a investir forte para não
      ficar fora da nova corrida espacial. Em
      2021, a missão indiana Chandrayaan-3
      volta a tentar inscrever o nome do país
      asiático entre a elite da exploração espa-
      cial com uma aterragem suave no astro.
      O país esteve muito perto de conseguir
      este feito em 2019, mas a missão Chan-
      drayaan-2 acabou por sofrer uma falha
      no sistema de comunicações, que fez a
      sonda e um veículo despenharem-se.
      Também no próximo ano, a Rússia volta
      ao ‘ativo’ com a missão Luna 25, uma
      sonda que vai explorar os recursos do
      polo sul da Lua e que é a primeira de
      uma série de missões russas ao satélite.
      Até 2024, estão previstas cerca de 20




foguetão, conhecido como Sistema de
Lançamento Espacial (SLS em inglês);
a Gateway, uma mini-estação espacial
que vai orbitar em torno da Lua; a aero-
nave Orion, que estará responsável por
transferir os astronautas da Terra para a
órbita lunar; e o Lunar Lander, que faz
a ligação entre a Gateway e a superfície
lunar, e vice-versa. Depois de ter esta
infraestrutura funcional, durante quatro
anos, a NASA vai promover mais missões
tripuladas e de investigação à Lua, com o
claro objetivo de preparar aquela que será
outra das grandes missões deste século

Imagem conceptual do
robô Perseverance, a
grande aposta da NASA
para recolher amostras
de solo em Marte

Os engenheiros da NASA já estão a
construir e a testar a Orion, a cápsula que
vai levar humanos à orbita lunar. Esta é
apenas uma de quatro infraestruturas
necessárias para o Programa Artemis
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