POR ESSE
MUNDO FORA...
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Ciberataque escolar
A Flórida lançou a plataforma
My School Online para as aulas
decorrerem de forma remota, mas
um jovem de 16 anos realizou oito
ataques informáticos contra os
servidores da rede de escolas.
Resultado: três dias sem aulas.
O adolescente acabou detido
pelas autoridades.
Fonte de financiamento
‘fora da caixa’
A RGB (Reconnaissance General
Bureau) da Coreia do Norte é
apontada como a responsável
pelos ciberataques Fast Cash,
que iniciam transferências
internacionais fraudulentas e
fazem as caixas ATM dispensar
dinheiro, contra bancos por todo o
globo. Esta é uma forma do regime
coreano se financiar e contornar
as sanções económicas.
Quem quer ganhar
€1200 por mês?
A Alemanha vai dar €
por mês a 120 voluntários durante
três anos e comparar as suas
experiências com um conjunto de
1380 pessoas que não recebem
esse pagamento. O objetivo é
aferir como é que o rendimento
básico universal afeta a redução
das desigualdades e potencia o
desenvolvimento da economia.
O
mercado mundial de tecnologia de consumo atravessa um deserto
de ideias. Não é de agora. O bloqueio criativo tem, pelo menos, 3
anos. Durante este período apenas um pequeno oásis fez a diferença:
a apresentação dos smartphones dobráveis – que são, no entanto, ainda uma
miragem para a grande maioria dos consumidores (sim, o mais recente Fold
2, da Samsung, custa mais de 2000 euros o que o torna proibitivo a quase
todas as carteiras).
Não é preciso muito para comprovar este vazio, basta recordar a recente
apresentação da Apple onde, mais uma vez, ninguém ficou surpreendido a
ver mais um relógio e um tablet. É pouco, muito pouco para uma empresa
que tem um valor bolsista astronómico. É preciso recuar até 2015 para
testemunhar um momento em que os fãs de tecnologia abriram os olhos
de espanto perante a antecipação de uma tecnologia. Foi há 5 anos que a
Microsoft revelou os Hololens com a promessa que a Realidade Aumentada
vinha para mudar tudo. Desde as interações profissionais até ao grande
consumo – com a indústria dos jogos em destaque. No ano seguinte, 2016,
Mark Zuckerberg entrava de rompante numa conferência de imprensa da
Samsung para revelar que a Facebook e o maior fabricante mundial de
smartphones tinham uma parceria para a Realidade Virtual. Smartphones (o
dispositivo mais usado no planeta) a serem motor para novas experiências
(jogos, apps, conteúdos) produzidas e veiculadas na maior rede social do
planeta. Ah! Sim, foram tempos muito entusiasmantes. Infelizmente, a
montanha pariu um rato, aliás, uma grande ninhada. Na realidade, pouco
aconteceu. Os Hololens ganham espaço no mundo profissional (e ainda
têm muito a provar); A Facebook e a Samsung mantêm a aposta na Reali-
dade Virtual, mas com muito menos força. É quase como um rio de caudal
cheio que se transformou num riacho. Hoje, estamos presos num círculo
vicioso onde a obsolescência programada obriga à renovação obrigatória
dos equipamentos, condição que vai alimentado o negócio dos fabricantes.
A este deserto de ideias temos de juntar uma condição impossível de
prever: a pandemia tem efeitos muito negativos na disponibilização de no-
vos equipamentos. É isso que vai acontecer, por exemplo, com as consolas
que chegam para o período de natal. Sony e Microsoft já sabem que não
vão conseguir satisfazer um mercado ávido pela PS5 e pela Xbox Series
X. Faltam componentes e falta mão de obra para produzir os milhões de
dispositivos que as consultoras estão a prever que os consumidores vão
comprar – não é de admirar, há 7 anos que os jogadores não veem uma
Playstation nova (sem contar com a edição Pro, claro).
Moral da história: tenho muitas saudades de ouvir Steve Jobs dizer, no
final dos eventos, que tinha mais alguma coisa para revelar ao mundo.
Hoje é tudo previsível. Sabemos o que vai sair, antes de ser apresentado.
Talvez porque os próprios fabricantes já tenham assumido que há muito
perderam a capacidade de surpreender. É uma estagnação angustiante a
que vivemos. Pior: tanto nós, consumidores, como os fabricantes acei-
tamo-la. Deixámos de ser exigentes. Uma pena!
UMA ASSUMIDA
E AFLITIVA ESTAGNAÇÃO
PEDRO MIGUEL OLIVEIRA | DIRETOR DE PARCERIAS E NOVOS NEGÓCIOS
RUÍDO NA REDE