64/ TRANSFORMAÇÃO DIGITALOLIVAL
DIGITAL
Bom e barato só com a ajuda
da tecnologia. Na Herdade
Maria da Guarda vale tudo
para se conseguir um azeite
digno do Império Romano:
apanha mecânica, software
de gestão, drones e sistemas
de Inteligência ArtificialTex t o : Sara Sá Fotos: D.R.M
ais de um milhão de oliveiras
espalham-se ao longo dos 630
hectares de terreno, numa
geometria bem definida: uma árvore
a cada metro e meio, um corredor de
quatro metros a separar cada linha.
Desde o primeiro momento, quando
a família Cortez de Lobão decidiu tro-
car, em 2005, os cereais pelo olival, na
propriedade do século XVIII Herdade
Maria da Guarda, em Serpa, que se
tornou clara a opção pela tecnologia
e automação. Desde logo, na disposi-
ção das árvores, com o espaçamento
definido à medida das máquinas de
apanha, naquele que se chama de ‘oli-
val moderno’.
Na época da colheita, que em Portu-
gal acontece em meados de outubro,
sempre quinze dias antes do resto da
Europa mediterrânica, apanham-se 80
toneladas de azeitonas por dia. Uma
eficiência que se reflete em preços mais
baixos e uma rapidez que se traduz em
menor acidez do azeite, já que quanto
menos tempo o fruto ficar em contac-
to com o ar, antes de entrar no lagar,
menor a oxidação. Mas o método de
cultivo e apanha foi apenas o ponto de
partida. Logo a seguir, veio a adoção de
um sistema de identificação de proble-
mas na propriedade, como um animal
morto no terreno ou uma fuga de água.
Todos os colaboradores utilizam umaaplicação instalada no telemóvel para
registar os problemas e marcar o local
do incidente através de GPS. “Desde
o início que sentimos necessidade de
procurar soluções informáticas”, ad-
mite João Cortez de Lobão.ADEUS AO EXCEL
O passo seguinte passou pela encomen-
da de um software a partir do qual se
pudesse fazer toda a gestão da atividade
da Herdade, desenhado à medida das
necessidades da empresa pela tecnoló-gica PDMFC. “Andávamos com ficheiro
Excel para a direita e para a esquerda,
quando havia uma crise não atualizáva-
mos”, observa o administrador Carlos
Martins. Agora, tudo está disponível
no ecrã do computador e atualizado ao
minuto. A partir do momento em que
a azeitona é pesada entra no sistema
e não mais se lhe perde o rasto. Fica
registada a origem, variedade, a zona
de produção. Também o azeite produ-
zido, a cuba em que está, as amostras
feitas para o cliente provar. “Antes era
tudo um bocado a olho. As amostras
tinham como referência o número da
cuba, mas às vezes acontecia azeites
diferentes terem a mesma referência”,
continua Carlos Martins. Todos os 40A aposta no olival moderno foi clara
para João Cortez de Lobão logo na
altura da conversão da produção de
cereais para azeitona, em 2005