algas trazidas do mar, de forma a
garantir um ambiente totalmente
limpo de interferências.
ENERGIA DO FUTURO
Habitualmente não vemos estas al-
gas, de tamanho microscópico. Só
quando há um crescimento anormal
da população é que nos apercebemos
da sua existência – são os chama-
dos fenómenos de bloom, em que se
vêm manchas verdes ou vermelhas
no mar. Quanto mais algas, mais
intensa é a conversa, como seria de
esperar. “É impressionante como se
juntam para flutuar melhor e pode-
rem ir até à superfície apanhar sol”,observa.“Testámos em diferentes espé-cies, entre elas as diatomáceas, seresunicelulares que fazem fotossínte-se. Quando ocorrem blooms algaisproduz-se um sinal elétrico muitoforte, se compararmos, por exemplo,com os sinais elétricos libertados porneurónios”, diz Paulo Rocha. Con-vém sublinhar que estamos semprea falar de tensões elétricas da ordemdo microvolt. “É um sinal pequenopara poder gerar a energia que de-sejamos”, admite. “Podia dar paraacender uma lâmpada”, exemplifica,Uma parte do trabalho de investigação passou pelo desenvolvimentode equipamento capaz de medir os sinais emitidos pelas algasDESLIGAR A
ELETRICIDADE
DO TUMOR
É muito comum os pacientes que sofrem deglioblastoma, um tipo de cancro no cérebroque afeta as células da glia (células do sistemanervoso central que têm uma função de suportedos neurónios), passarem a ter também crisesepiléticas. Este problema pode ser desencadeadopelas próprias células da glia, que até agora sejulgava serem eletricamente inativas. Isto levaa que os tratamentos dados a estes doentessejam direcionados para a epilepsia comum, como objetivo de silenciar a atividade dos neurónios.Por isso, não são totalmente eficazes nestescasos. “O que acontece é que talvez a epilepsianão se deva apenas à atividade elétrica dosneurónios mas também à das células da glia, ouseja, do próprio tumor”, revela Paulo Rocha. Asolução, avança o investigador, pode passar porsilenciar os dois tipos de células, neurónios e glia.“qualquer coisa como um miliwattpor centímetro quadrado.” Nada queo desanime. “Está quantificado, sa-bemos como medir. Agora temos dedescobrir qual a alga, qual o sensore qual o circuito ideais.”Até à aplicação há vários desafiosque têm de ser ultrapassados. Des-de logo o armazenamento contínuoda energia. “É preciso desenvolver aeletrónica para um armazenamentoconstante”, avança. Num artigo pu-blicado na revista Energy Technology, aequipa apresenta os detalhes elétricospara armazenamento de uma fonte deenergia de baixa frequência: sinal quevem é pequeno, aumentamos comtransformador, retificamos sinal desinusoidal para contínuo e armazena-mos em condensador. Um bom pontode partida, para o projeto que só ar-rancará a sério com a sua mudançapara a Universidade de Coimbra. Ain-da lhe falta formar o grupo de traba-lho, que se quer multidisciplinar, comespecialistas em eletrónica, fitologia,materiais. “É algo que me irá dar gran-de prazer”, confessa o investigador.