POR ESSE
MUNDO FORA...
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Dinamarca cria duas ilhas
para energia eólica
As duas ilhas – uma de estrutura
artificial e outra em Bornholm
- contarão com turbinas de
vento que acrescentarão 4 GW
de energia renovável até 2030.
Quando rentabilizado ao máximo,
o investimento de 37 mil milhões
de euros vai ser capaz de produzir
12 GW e também hidrogénio.
Um wearable
para rastrear a Covid-
Em Singapura, o governo quer
enviar a todos os cidadãos um
pequeno dispositivo wearable
para rastrear a Covid-19. O
equipamento pode ser usado
numa fita ao pescoço ou colocado
numa mala, não precisa de ser
ligado ao smartphone e servirá
de ferramenta de monitorização
sobre a evolução da doença.
Entregas de comida
por drone
A start-up irlandesa Manna
estava pronta para começar a
usar os seus drones para entregar
gelados da Ben and Jerry’s
a campus universitários,
mas a pandemia obrigou a uma
mudança de planos. Assim,
os quadcópteros passaram a ser
utilizados para enviar comida e
medicamentos para os habitantes
da área isolada de Moneygall.
H
á dois anos visitei, na China, o showroom de um grande produtor
de tecnologia. Uma das soluções tecnológicas em demonstração era
um sistema de videovigilância inteligente que juntava câmaras com
um zoom ótico de longuíssimo alcance a algoritmos de reconhecimento
facial muito avançados. Na demo ensaiada era possível ver a forma como a
câmara conseguia numa rua muito longa, focar a cara de alguém que estava
tão longe que quando o plano era totalmente aberto só conseguíamos ver
um ponto negro no ecrã. Recordo que isto foi há dois anos. Ou seja, hoje,
esta solução, e outras concorrentes, já têm uma eficácia muito maior no
reconhecimento de um rosto na multidão. Numa altura em que na Euro-
pa há ainda muitas forças de segurança que não estão autorizadas a usar
bodycams (as câmaras usadas na farda e que gravam automaticamente e
autonomamente as intervenções feitas pelos agentes... Portugal ainda não
as utiliza apesar de já estarem disponíveis em algumas forças policiais), é
necessária a implementação de videovigilância mais inteligente que ajude
a manter-nos em segurança. Esta deve ser dotada de uma algoritmia ag-
nóstica que tem como único dever a proteção do cidadão contra qualquer
tipo de ameaça, venha ela de onde vier.
Veja-se o que aconteceu com o assassinato de George Floyd. As autoridades
conseguiram ter todo o relato do crime a partir de variadas fontes. Desde
logo, pelas câmaras dos policiais, pelas suas comunicações e, essencialmen-
te, por uma série de câmaras espalhadas pela zona – de restaurantes, lojas,
casas particulares e, claro, de todas as testemunhas da barbárie. Como é fácil
entender, o grande rastilho para toda a agitação social que se seguiu ficou
a dever-se à partilha do vídeo do crime em direto nas redes sociais. Agora
imagine o seguinte. Imagine que naquela rua, está instalado um sistema
de videovigilância inteligente que deteta em tempo real o ajuntamento de
pessoas, a agitação e a comoção (pela análise, por exemplo, da temperatura
dos corpos e das expressões faciais). Em poucos minutos, o sistema dispara
a alarmística necessária que avisa as autoridades no terreno para a altera-
ção de condições em tempo real evitando, assim, situações extremas. De
certeza, que a análise feita pelos algoritmos vai levar menos do que os tais
8 minutos e 46 segundos durante os quais George Floyd agonizou em busca
de ar. Pode, caro leitor, dizer que a utilização massiva de videovigilância
é um dos alicerces para termos um estado totalitário. Sim, pode ser. Mas é
para aí que caminhamos. Vamos ter de abdicar de parte da nossa liberdade
individual para, em troca, ganhar uma maior sensação de segurança e de
justiça. São estas as condições que têm de ser pesadas na balança. Tendo em
conta que a grande maioria de nós já tem um rasto digital considerável e que,
por autocriação, partilhamos dados com terceiros que desconhecemos (sim,
acha que o Waze e o Whatsapp são gratuitos porque somos todos uns tipos
porreiros?). Devemos deixar cair esta capa hipócrita da santidade da nossa
privacidade e deixar que a Inteligência Artificial ajude a combater o crime,
a discriminação e o vandalismo. O leitor pode perguntar: os algoritmos são
infalíveis? Não, não são. Mas podem ajudar a evitar crimes.
A NOSSA PRIVACIDADE
ESTÁ ACIMA DE TUDO?
PEDRO MIGUEL OLIVEIRA | DIRETOR DE PARCERIAS E NOVOS NEGÓCIOS
RUÍDO NA REDE