Clipping Banco Central (2021-02-26)

(Antfer) #1

Após um ano de pandemia, situação só piora


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Novas cepas se espalham, hospitais entram em
colapso, e vacinas prometidas não chegam


Imaginava-se que as cenas dantescas vividas no Brasil
ano passado, durante o auge da pandemia do novo
coronavírus, eram a materialização do inferno. Câmeras
frigoríficas instaladas junto a hospitais para receber
mais e mais cadáveres; engarrafamentos de carros
funerários à porta dos cemitérios ; profissionais de
saúde obrigados a fazer a escolha cruel sobre que
paciente levar ao respirador. Um ano depois do primeiro
caso de Covid-19 confirmado no país, percebe-se que
estávamos apenas na antessala - o inferno mesmo
ainda estava por vir.


Depois de uma trégua ilusória, a pandemia voltou a se
agravar no fim do ano passado. Foi no início de 2021,
depois das aglomerações de fim de ano, que o número
de casos explodiu, dando origem à temida - e previsível



  • segunda onda. Manaus, que se tomara exemplo dos
    momentos mais dramáticos em 2020, mostrou que, no
    Brasil de Bolsonaro & Pazuello, o horror não tem limite.
    Aos efeitos perversos já conhecidos do colapso nas
    redes pública e privada de saúde, acrescentou-se mais


um, altamente letal: pacientes morreram asfixiados
porque as autoridades não providenciaram o insumo
mais básico numa pandemia de doença respiratória:
oxigênio. O ministro-general Eduardo Pazuello foi
alertado sobre a escassez, mas não agiu a tempo. Em
apenas dois meses de 2021, o número de mortes no
Amazonas supera o total de 2020.

Hoje, a triste constatação é que estamos pior que antes.
Novas cepas se espalham e nem sequer são notadas.
UTIs estão no limite em todo o país. Toques de recolher
se multiplicam. O número de mortos diários bate
recorde e o total já passa de 250 mil, 40% a mais que
no pior cenário traçado pela equipe do então ministro
Luiz Henrique Mandetta. A média semanal de mortes
está mais alta que no pior momento do ano passado. No
ranking macabro da pandemia, ocupamos um
indesejável segundo lugar, atrás dos Estados Unidos.
Lá, porém, as mortes estão declinando com o avanço
da vacinação. Não é o caso do Brasil. Na verdade,
estamos na contramão do mundo - em vários países, as
mortes estão em queda.

Não se chegou até aqui por acaso. Embora tenha sido
alertado por Mandetta sobre a tragédia que se formava,
Bolsonaro deu de ombros. Continuou tratando a mais
letal pandemia em cem anos como uma"gripezinha".
Pregou contra o isolamento, desprezou as máscaras,
fez propaganda de remédios ineficazes (como
cloroquinaouvermífugos), sabotou a vacina, soltou o
disparate de que quem a tomasse podería "virar jacaré".
E conclamou os brasileiros a enfrentar a pandemia de
peito aberto, afinal não somos um "país de maricas".
Desconectado da realidade, disse, no fim do ano
passado, quando os casos voltaram a crescer, que a
pandemia estava "no finalzinho".

Graças ao milagre das vacinas, desenvolvidas em
tempo recorde, as perspectivas neste 26 de fevereiro
não são tão sombrias como no início do ano passado,
quando nem se sabia se alguma delas seria eficaz. Mas
entre a esperança da vacina e a realidade há um
abismo, onde cabem 212 milhões de brasileiros. Alçado
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