Clipping Banco Central (2021-02-27)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
sábado, 27 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

medidas sanitárias emergenciais e que iniciem a
reativação da economia, por exemplo. O presidente
manteria suas bizarrices e seu teatro nas redes.
Continuaria com a caneta na mão, nomeando e
demitindo segundo critérios obscuros. Protegeria a
família e ficaria livre para se entregar à reeleição.
Permaneceria burilando sua mente paranoica,
afrontando a Constituição e atiçando sua turma.


Mas nada está dado. Com a "PEC da impunidade" a
Câmara quer blindar os parlamenta- res, o que atrita o
STF. Este, por sua vez, está em pleno realinhamento de
suas vertentes. E o presidente, bem, o presidente é
Bolsonaro ...


Os ataques do deputado Daniel Silveira ao STF
repuseram em cena a sombra do autoritarismo
regressista. A Câmara agiu com rapidez, receosa de
sua própria desmoralização. Mostrou que o governo
pode muito, mas não pode tudo. Como observou o
deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da
Casa, o bolsonarismo extremo precisa ser contido
porque atrapalha o funcionamento regular dos Poderes
constituídos e impede que haja governo no País. Se a
Câmara seguirá essa pauta é uma incógnita.


Numa democracia, não há cooperação sem conflito e
competição. É de crer que os principais partidos
democráticos desejem colaborar para resguardar a
democracia e forçar o governo a governar. Mas não é
por isso que deixarão de brigar pelas próprias causas e
ideias. Ganham quando cooperam entre si e também
ganham quando demarcam suas diferenças. Para eles,
há mais coisas em jogo do que a formação de uma
"frente" contra o governo.


Pontes que facilitem a adoção de uma "competitividade
cooperativa" passam pela formulação de programas
com consensos mínimos consistentes, que dialoguem
com o desastre em que estamos. Passam, também, por
uma "fulanização" bem compreendida: em torno de
quem, afinal, o programa acordado poderá ganhar
materialização?


É na hora mais amarga que despontam as grandes


lideranças, os estadistas, os talentos emergentes. É
nela que as zonas de conforto são substituídas pela
entrega à comunidade política, com suas causas e suas
exigências.

Que assim seja.

É quando despontam as grandes lideranças, os
estadistas, os talentos emergentes

PROFESSOR TITULAR DE TEORIA POLÍTICA DA
UNESP

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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