Clipping Banco Central (2021-02-27)

(Antfer) #1

Sérgio Augusto - Vacinas, valores e velórios


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Especial
sábado, 27 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Bolsa de Valores

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Já estava me preparando para ser vacinado quando as
vacinas acabaram. Foi aí que descobrimos que, na
estupefaciente gestão do general Placebo no Ministério
da Saúde, a vacinação é regida por dois calendários,
como o tempo já foi em priscas eras. Pelo calendário
juliano, quando há vacinas disponíveis, e pelo
calendário gregoriano, quando elas acabam e ainda não
têm data para chegar. Daí a máxima romana "sine
vaccinus, sine die", cunhada antes da invenção da
primeira vacina.


E assim as vacinações no Rio foram jogadas para as
calendas. Ainda bem que para as calendas romanas,
não para as gregas. Será que nas calendas de março
saberemos quando, pelo calendário gregoriano,
levaremos nossa redentora picada?


Pior do que essa espera, possivelmente passageira, e
as justificadas incertezas relativas à segunda dose foi
tomar conhecimento das descaradas mentiras sobre a
performance de Bolsonaro durante a pandemia que a
ministra Damares e o chanceler Ernesto Araújo
tentaram vender na ONU. Ficaram só na tentativa
porque ninguém lá fora acredita mais em nada que diga,


faça ou prometa fazer de bom o ogro que nos governa,
exaspera, envergonha, e concentrou no extermínio seu
mais eficaz programa de corte de gastos na
Previdência.

Não menos desalentadora foi a constatação de que a
Bolsa de Valores se sensibiliza muito mais com uma
troca no comando da Petrobrás pelo presidente da
República que seus investidores ajudaram a eleger do
que com as ininterruptas e recordistas altas na
contagem de mortos e infectados pela covid, no País.
Não teríamos mais do que 8 mil óbitos até o fim da
pandemia, bazofiou o capitão negacionista em abril do
ano passado. Atingimos a marca de 250 mil mortos esta
semana; 50 mil só nos últimos 48 dias - e vacinamos
apenas 3% da população.

Se alguma coisa o presidente sabe fazer, e bem, é
mentir e tirar o dele da reta. "Não sou coveiro"; "Não sou
profeta"; "Não compro seringas". Pilatos ao menos
lavava as mãos. O capitão nem sequer usa máscara.

A fulminante queima de ações da BR também veio
corroborar a teoria de que a matança em curso, se não
faz parte de um maquiavélico projeto político e
econômico do bolsonarismo, como a aniquilação da
cultura e da educação, desmoralizou em definitivo o
chavão de que "as nossas instituições estão
funcionando". Se estivessem, ou pelo menos o STF
estivesse, a pleno vapor, o nosso Napoleão de hospício
já estaria na ilha de Elba da nossa imaginação.

Verdade que o ministro Alexandre de Moraes se tem
comportado com o destemor que seu cargo exige, mas
Dias Toffoli, Luiz Fux e Gilmar Mendes, conforme
salientou na terça-feira o comentarista político Bernardo
de Mello e Franco, facilitaram o serviço para a chicana
que culminou com a anulação das quebras de sigilo
bancário e fiscal de Flávio Bolsonaro, no inquérito das
rachadinhas. Toffoli e Fux travaram a investigação por
cinco meses, e Mendes abriu a gaiola para Fabrício
Queiroz, o factótum da familícia.
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