REVISTA 8 - MARÇO

(MARINA MARINO) #1

o aguardava, seu rosto se
transfigurou de tal maneira, que
nenhumadjetivoseriabastante para
qualificar a alegria que irradiou, o
que a todos emocionou e fez
umedecerosolhosdocasal.
Américo pediu para ficar um
pouco a sós, a fim de que pudesse
lavar-se,guardararoupa,ajeitar-se.E
foiatendido.
Mascomoatardechegava,ejá
se ouviam um e outro barulhos
vindos dos estômagos infantis,
Patrícia avisou que iria preparar o
lanche, hábito que cultivavam aos
sábados,emsubstituiçãoaojantar.E
assim que estivesse pronto, ela o
chamaria.
Ele agradeceu com um terno
sorriso.
Américo entrou no banheiro
anexo, olhou-se no espelho, e
suspirou.Abriuatorneira,emolhou-
sedemoradamente. Emseguida, e a
cadaenxaguada, aágua como que o
desintoxicava,carreandoraloadentro
todosos errosque cometeraemsua
vida.
Depois, fechou a torneira,
secou-se, e voltou a mirar-se no
espelho.Evia,efinalmenteaceitava,
o seu reflexo a lhe jogar na cara
aquilo que ele nunca admitiu,
sobretudodepois que Beatriz sefoi:
Tantoestimulounofilhoaambiçãoe


oegoísmo,queoutronãopoderiater
sidooseufim,quandoPedrodelese
cansou.
Américo saía do quarto antes
mesmoquePatríciaviessechamá-lo.
E se andava circunspeto, caminhava
também decidido, e o faria pondo
uma pá decal sobre o seupassado.
Até porque, se sabia que Pedro
mudara-se para o exterior, não
suspeitavaemqualpaíselesefixara.
Ao lanche, pode-se
afirmarquenuncaumpãozinhocom
manteiga e uma xícara de café com
leite foram tão saborosos, tão
prazerosos quanto os que Américo
comeuebebeu–erepetiu!–,umavez
que o seu apetite vinha estimulado
peloverdadeirocarinhofamiliar.
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