Revista 3ª edição

(Anita Santana) #1

tínhamos a cartilha do Povo. Ficava observando os meus primos mais
velhos lendo, nossa, aquilo me dava fascinação, a ponto de ficar
fingindo que lia, para as vacas no curral, parecia uma coisa
sobrenatural. Queria me interessar por brincadeiras normais de minha
idade, mas o que me levava ao mundo de magia, para longe da
realidade, eram aqueles textos de livros de série bem elevada. Fui
praticamente autodidata, simplesmente tive de que sê-lo, já que a
escola que tinha naquele lugar ficava a mais de oito quilômetros
diários. Aprendi o ABC, e comecei a juntar as sílabas, foi fácil, porque
aprendi certinho a pronunciar os fonemas. Lia para meu avô, ele era
semianalfabeto, mas fazia inveja a qualquer um alfabetizado, pela
sabedoria empírica que tinha. Se estou aqui, hoje, foi graças aos
ensinamentos de meu “Pai C”, como o chamava carinhosamente.
Sempre que conversávamos e era todos os dias, ele dizia: “Minha
filha, seja bem lida e bem corrida, aprenda a investir naquilo que de
melhor possa sobressair-se”. Estou fazendo isso, não pela fama ou
dinheiro, mas sobretudo para que minha história de luta seja exemplo
para os jovens. Hoje, além da leitura, o que mais me sustenta, o que
me fez reinventar, de fato, foi a escrita. Sim. Fazer poesia, crônica,
memória e tantos outros gêneros textuais passou a ser meu mais novo
investimento. Sinto-me mais jovem agora. Parece até que renasci.
E assim a poetisa continua sua história afirmando que quer seguir
escrevendo, postando nas redes sociais e fazendo alegria para aqueles,
que como ela, amam e valorizam a leitura que transforma a nossa
vida, mesmo se isolada, ou quando se encontra cercada por pessoas
que ama.
A autora finaliza sua história de leitura e escrita dizendo: - Como é
bom poder criar. Escrever, no isolamento, é a minha redenção, “a cura
pela poesia foi a solução.

Free download pdf