Em crise, Argentina aceita flexibilizar o Mercosul
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Economia
sábado, 6 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - FMI
Clique aqui para abrir a imagem
Autor: JANAÍNA FIGUEIREDO
Enquanto prepara a cúpula para celebrar os 30 anos do
Mercosul, no próximo dia 26, o governo do presidente
argentino, Alberto Fernández, trabalha para negociar
com Brasil, Uruguai e Paraguai a flexibilização do bloco.
Ciente de que os governos brasileiro e uruguaio querem
a modernização do Mercosul (leia-se reformar regras
que o tornam, para alguns especialistas, uma fortaleza
protecionista), a Argentina está disposta a ceder em
alguns pontos.
Romper o Mercosul representaria um custo muito alto
para a Casa Rosada. Em 2020, o PIB do país
despencou 10%. E a Argentina ainda lida com o FMI,
em razão do acordo selado no governo Maurício Macri,
pelo qual obteve empréstimo de US$ 44 bilhões.
Já existe um esboço de proposta para reformar a Tarifa
Externa Comum (TEC, cobrada de produtos fora do
bloco) elaborado por técnicos do governo Fernández.
Flexibilizar a TEC é uma das principais demandas de
Brasil e Uruguai, defensores de uma maior abertura
comercial. Hoje, a média da TEC está entre 12% e 13%.
Segundo fontes argentinas, a proposta preliminar da
Casa Rosada é baixar para cerca de 9,2%.
- O Brasil pretende mais, mas a proposta não é
desprezível. Ainda não foi discutida, mas é um começo
afirma uma fonte brasileira.
Em Buenos Aires, fontes explicam que a redução de
tarifas seria para produtos não elaborados no país. Ou
seja, seria mantida uma proteção à produção nacional.
Já foi apresentada uma lista de produtos aos sócios do
bloco, gesto que, segundo os argentinos, mostra a
disposição de negociar.
Em Brasília, há expectativa, mas certa desconfiança. O
governo Bolsonaro chegará à cúpula com vontade
política de dialogar e encontrar consenso. Mas quer
fatos concretos.
O ponto mais importante é a discussão sobre a
flexibilização da dinâmica do 4+1, que obriga o bloco a
negociar acordos comerciais com outros países em
conjunto. Brasil e Uruguai querem abrir a porta para que
firturos entendimentos incluam apenas os sócios
interessados. Na prática, isso já ocorre. O Mercosul
negocia acordo de livre comércio com a Coréia do Sul, e
a Argentina não participa da negociação sobre bens e
regras de origem.
Recentemente, o clima entre os sócios melhorou. O
presidente Jair Bolsonaro confirmou presença na cúpula
e expressou o respaldo à Argentina na negociação com
o FMI.
Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
FMI