Bolsa cai 4% e dólar vai a R$ 5,77 sob temor de populismo após volta de
Lula
Banco Central do BrasilFolha de S. Paulo/Nacional - Mercado
terça-feira, 9 de março de 2021
Banco Central - Perfil 1 - SelicClique aqui para abrir a imagemAutor: Júlia Moura
são paulo Mais polarização política. Campanha eleitoral
para presidente sendo antecipada para 2021. Populismo
na economia elevando gastos públicos e a dívida do
governo. O temor de que haverá a mistura desses
riscos no curto prazo repercutiu com força no mercado
financeiro nesta segunda-feira (8).
O estopim foi o ministro Edson Fachin, do STF,
determinar a anulação de todas as condenações
proferidas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lida da
Süvapela 13a Vara Federal da Justiça Federal de
Curitiba, responsável pela Lava Jato. Assim, Lula
retoma o direito de se candidatar nas próximas eleições.
Com a volta do petista à disputa pela presidência em
2022, o mercado teme uma guinada ainda maior do
presidente Jair Bolsonaro ao populismo e consequente
abandono da agenda liberal e do compromisso com a
saúde fiscal do país para angariar votos.
Caso Lula dispute a eleição, analistas veem grandes
chances de um segundo turno entre o petista e
Bolsonaro. Pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa
e Consultoria) divulgada nesta segunda pelo jornal O
Estado de S. Paulo mostra que apenas Lula supera
Bolsonaro na intenção de voto em 2022."Isso acaba com a possibilidade de uma terceira via,
que era o que o mercado esperava, alguém mais
alinhado com as reformas. Como a esquerda não
estava organizada, o mercado via espaço para isso", diz
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.Com a pandemia, a saúde fiscal do Brasil se deteriorou
pelo aumento de gastos e pela queda na arrecadação.
Dado o cenário, participantes do mercado defendem a
aprovação de reformas, como a administrativa e a fiscal,
de modo a conter as despesas públicas."A polarização é ruim, leva Bolsonaro a abandonar o
compromisso com a contas públicas para uma agenda
mais populista, que dê mais retorno político", afirma
Cruz.Com o auxílio emergencial em 2020, Bolsonaro viu sua
popularidade crescer. Com a piora no número nos
casos de coronavírus e medidas mais restritivas de
distanciamento, o governo irá promover uma nova
rodada de auxílio.O Senado aprovou na semana passada a PEC
Emergencial, que estabelece um teto de R$ 44 bilhões
para pagamento do benefício. Uma contrapartida para o
novo gasto, porém, não foi definida.Daniel Miraglia, economista-chefe do Grupo Integral,
cita o temor do mercado de que a agenda de
privatizações e de ajuste fiscal se dissipe."Dada a situação fiscal do Brasil, o mercado não vê
mais espaço para isso."