30 | LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAGRAMÁTICA / Crase
SOBRE A AUTORA
FERNANDA DE PAULA é
especialista em Literatura
e Teoria Literária (PUC-SP),
coordenadora pedagógica na
Rede Pública Estadual (SEE-SP),
professora de Língua Portuguesa
no Ensino Fundamental II
e Médio, capacitadora de
professores em instituições
públicas e privadas, revisora de
textos acadêmicos e produtora
de material didático.crase”. E se pedirmos à garotada (olha a cra-
se aí, minha gente!) analisarem junto? Hagar,
provavelmente, está indo para uma guerra.
Pois bem: ensinemos que a regência do verbo
ir exige a preposição a. Nesse exemplo, além
da preposição a temos o artigo feminino a
que precede o substantivo batalha.
Dica importante que deve ser gravada a fer-
ro e fogo, ou simplesmente no tablet, celular,
quem sabe até escrito em letras garrafais em
um daqueles antigos objetos, o caderno!A CRASE SEMPRE OCORRERÁ
DIANTE DE PALAVRAS FEMININAS
É preciso também deixar claro que um erro
clássico é utilizar a crase antes de verbos, por-
que os verbos não admitem artigo. Não existe
àcombinar ou à partir, pois não há artigo para
somar-se com a preposição.E lá vai história:
A crase deverá ser empregada em locuções
adverbiais formadas por preposição e pala-
vra feminina: À tardinha, visitaremos nossos
avós; aqueles dois adolescentes namoram às
escondidas de seus pais. Também será utiliza-
da em locuções prepositivas, como na frase “A
crise fi nanceira tem levado muitos à beira da
falência”. Ainda a utilizaremos nas locuções
conjuntivas à medida que, à proporção que,
entre outras.
Já quando os pronomes demonstrativos
aquele(s), aquela(s), aquilo(s), a(s) estiverem
precedidos de verbos regidos pela preposição
a, a boa e velha crase também dever ser uti-
lizada. Exemplo: Queremos muito ir àquele
show gratuito no Parque do Ibirapuera.
Expressões como à moda da casa, à manei-
ra da vovó exigem a presença da crase. Mas
tem mais! Ao dizer “Iremos nos encontrar às
15 horas em frente ao metrô Santana”, precisa
ter crase!
Toda vez que houver numerais indicando
horas, devemos “crasear”. Assim como antes
de nomes de lugares que admitem o artigo
feminino a: Pretendo ir à Europa em breve.Viu? Nem doeu. Mas para não esquecer
essa regra, há uma música muito utilizada pe-los professores em salas de aula, quer em esco-
las, quer em cursinhos:“Se vou a e volto de/ crase para quê? Se
vou à e volto da/ crase há!”Tradução: Se vou a São Paulo e volto de São
Paulo, não há emprego de crase; mas se vou à
França e volto da França, há emprego de crase.
Simples, não? (Vale utilizar no dia a dia esse re-
frão e garantir que não irá mais errar naquele
bilhete para o chefe!)
Outra dica legal que não deve ser esque-
cida de passar: substitua a palavra feminina
que aparece depois do a por uma masculi-
na. Se fi zer isso e tiver de utilizar o artigo o
(a+o=ao), terá crase. Observe: “Fui para a audi-
ência e entreguei toda documentação à juíza”.
Se eu escrever trocando juíza por juiz a frase
fi caria assim: “Fui para a audiência e entre-
guei toda a documentação ao juiz”. Utilizei ao,
então não preciso ter dúvidas, tem de colocar
a crase antes de juíza.
Portanto, ensine a eles que não é preciso te-
mer a crase. É só manter em mente essas dicas
básicas sobre seu emprego adequado e nunca
mais precisarão se preocupar na hora de redi-
girem um texto, seja em uma empresa, seja para
aquele trabalho da faculdade. Agora, mãos à
obra! A com acento grave, seu nome é crase!© ARQUIVO NACIONAL / DOMÍNIO PÚBLICO / COMMONS.WIKIMEDIA.ORGFERREIRA
GULLAR
( 1930 - 2016 )
Pseudônimo de
José Ribamar
Ferreira, foi um
escritor, poeta,
crítico de arte,
biógrafo, tradutor,
memorialista e
ensaísta brasileiro e
um dos fundadores
do neoconcretismo.2“Outra dica legal
que não deve
ser esquecida de
passar (aos alunos):
substitua a palavra
feminina que
aparece depois do a
por uma masculina.
Se fi zer isso e tiver
de utilizar o artigo o
(a+o=ao), terá crase”
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