Campos Neto atua para influenciar política
Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
sexta-feira, 12 de março de 2021
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Autor: Fábio Pupo e Larissa Garcia
A dificuldade enfrentada pelo Ministério da Economia
para convencer a classe política sobre a gravidade do
cenário fisca lfez a atuação do presidente do Banco
Central, Roberto Campos Neto, ser considerada pelos
integrantes da pasta e por analistas uma ajuda bem-
vinda em um momento conturbado.
Campos Neto foi escalado nesta semana para tentar
conter desidratações da PEC (proposta de emenda à
Constituição) Emergencial. O texto, defendido por
Guedes, libera o auxílio emergencial em 2021 enquanto
cria gatilhos para conter gastos em momentos de
calamidade pública e aperto orçamentário (como
reajustes salariais de servidores).
A atuação do presidente do BC para convencer o
Congresso chamou a atenção de analistas, já que a
função é tradicionalmente exercida pelo Ministério da
Economia.
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR)
, afirmou que o convite para Campos Neto falar com
lideranças partiu do presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL).
Barros disse que a discussão serviu para ressaltar os
possíveis impactos das decisões que seriam tomadas
pelos parlamentares considerando o atual cenário
econômico, compressões sobre inflação (em especial
sobre alimentos), juros e câmbio.
"Quando se trata da política monetária, ele [Campos
Neto] é o responsável. Em razão da situação, Lira pediu
para ouvir o presidente do BC para esclarecer o colégio
de líderes", disse à Folha.
Barros afirma que o ministro Paulo Guedes (Economia)
fora ouvido anteriormente durante as discussões sobre
a PEC. "Ele já tinha se posicionado, todos nós já
tínhamos ouvido. Não é nenhuma questão de mais ou
menos prestigio."
Guedes, de fato, teve reuniões com parlamentares
como o próprio Lira e o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (DEM-MG), sobre o tema. Defendeu as regras
de ajuste fiscal para liberar o auxílio e expressou temor
com deterioração de indicadores como inflação, juros e
desemprego caso isso não ocorresse.
Mesmo com Guedes expressando a interlocutores que
podería deixar o cargo caso a PEC não fosse aprovada,
o texto en- controuresistênda, e até mesmo o presidente
Jair Bolsonaro defendeu a desidratação da proposta ao
pedir a retirada de itens ligados a servidores.
Ao fim, a Economia sofreu derrotas e teve que aceitar a
retirada de itens de ajuste para ver a PEC avançar. De
qualquer forma, as dificuldades enfrentadas fez
integrantes da equipe de Guedes verem como bem-
vinda a atuação do presidente do BC.
De acordo com eles, a Economia estava presente nas
negociações da PEC, mas o texto abordava assuntos
tradicionalmente difíceis de avançar no Congresso e,
por isso, toda ajuda é vista como necessária.