Inflação vai a 0,86% e juros podem subir
Banco Central do Brasil
O Estado de S. Paulo/Nacional - Noticias
sexta-feira, 12 de março de 2021
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Variação do IPCA em fevereiro foi a maior para o
período desde 2016, segundo o IBGE. Mercado vê
pressão sobre o Copom para alta na taxa básica de
juros, que hoje está no menor nível da história.
Pressionada desta vez pelos preços da gasolina, a
inflação oficial no País subiu 0,86% em fevereiro, ante
0,25% em janeiro. Foi a maior variação para o período
desde 2016 e consolidou as apostas no mercado
financeiro de que o Comitê de Política Monetária do
Banco Central (Copom), que se reúne na próxima
semana, vai voltar a aumentar a taxa básica de juros. A
Selic está hoje em 2%, menor patamar histórico.
Pelos números divulgados ontem pelo IBGE, a taxa
acumulada em 12 meses pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de
4,56%, em janeiro, para 5,20% no mês passado, ante
uma meta de 3,75% perseguida pelo BC para este ano.
No mesmo período, só os preços dos alimentos e
bebidas acumularam uma alta de 15%.
O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano
Rostagno, aposta que a Selic será elevada dos atuais
2% ao ano para 2,50%. 'Realmente, o IPCA veio bem
acima do esperado, mostrando forte aceleração. A boa
noticia é que o movimento de alta da inflação continua
concentrado em alguns itens', disse Rostagno. 'Então,
não há alta generalizada de preços no País. Mas, como
a gente está com uma inflação corrente bem acima do
centro da meta, e como a gente tem visto alta forte do
petróleo e o real se desvalorizando, o BC vai promover
alta de juros para evitar que efeitos de segunda ordem
potenciais sobre os preços possam ocorrer e, com isso,
desancorar as expectativas de inflação.'
Já havia a expectativa de que o Copom pudesse elevar
a Selic em 0,50 ponto porcentual, de acordo com a
economista-chefe da gestora de recursos BNP Asset
Management, Tatiana Pinheiro, mas a inflação de
fevereiro, ainda que fortemente concentrada em
combustíveis, deflagra uma pressão de custos para a
qual o BC está atento. Pesa também a piora do quadro
fiscal.
'O BC tem de calibrar a taxa de juros para o IPCA se
manter na meta', argumentou Tatiana.
Auxílio emergencial. A pressão inflacionária em
fevereiro só não foi mais forte porque o fim do
pagamento do auxílio emergencial pelo governo às
famílias mais vulneráveis já diminuiu a demanda por
itens essenciais, com reflexo sobre os preços dos
alimentos, que têm dado uma trégua após meses de
altas expressivas, avaliou Pedro Kislanov, gerente do
Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.
'A retirada do auxílio pode ter reduzido a demanda por
alguns itens essenciais, como é o caso do arroz. Há
uma série de fatores que vão influenciar o preço dos
alimentos, o auxílio emergencial é apenas um deles',
ponderou.
O grupo alimentação e bebidas mostrou desaceleração
em fevereiro pelo terceiro mês consecutivo. Houve
redução nos preços da batata-inglesa, tomate, leite
longa vida, óleo de soja e arroz.